Afinal, sem ti, não consigo…

Julgava eu ser capaz.
Capaz de viver sem a tua presença.
Mas não, falei redondamente.
Contei a mim mesmo uma mentira.

Agora…
Agora tenho de viver com este peso,
Que é o da verdade!
Os meus dias, à muito, que não são o que eram.

Apetece-me, unicamente, fazer nada,
Pois coisa alguma me desperta
Como tu o fazias, ou será que ainda o fazes?
Há quem me diga diferente.

Diferente…Sim…
Pela tua ausência,
Pelo vazio, que em mim, ela criou,
Pelos olhares negados e palavras por dizer.

Agora…
Nada posso tentar para mudar o destino,
Repor o meu estado de espírito.
Viver contigo novamente.

Continuo a olhar-te,
Na ânsia de que tu possas,
Num instante perdido, responder
Com esse teu olhar esplêndido.

Tu olhas…
E como se não bastasse
Sorris…
E eu vejo o céu, magnífico!

Que visão esta que me ofereces…
Brindas-me com o elixir da vida eterna…
Que mais posso eu querer do que olhar,
Olhar essa face que me alegra.

Mas quando não estás,
Ou quando nem sequer me tens em consideração,
Tu nem imaginas…
A dor que o meu coração sente.

É como cair num abismo
Sem fundo…
Eterna tristeza, contínuo sofrimento…
Assim eu me sinto neste momento.
Sabes...Não sabes...Sei

Sabes…

Aquilo que em mim te relembra,

Faz, ao mesmo tempo, de mim um louco.

Louco por poder ver esse teu sorriso.


Sabes…

Essas trocas de olhares que fazemos,

Esses momentos, em que sem querer,

Nos mostramos um ao outro,

Fazem-me voar, voar bem alto.


Sabes…

Esses simples gestos que me fazes,

Não os esqueço um segundo.

Todas essas palavras que me dizes,

Entram e ficam em mim, para sempre.


Não sabes…

Mas eu digo-to bem alto.

Aquela estela que te ofereci no teu dia,

Está cada vez mais viva.

Contagia, até outras, as mais pálidas.


Não sabes…

Mas os meus olhos mostram-to.

Sabes aquelas colinas que ousamos subir.

Estão, hoje mais que ontem, verdejantes.


Não sabes…

Mas a cada dia que passa,

Não consigo dizer que te lembro a espaços,

Pois, na verdade, nunca te chego a esquecer.


Sei…

Que o meu corpo depende de ti,

Depende desse teu sorriso, desse olhar,

De tudo o que me podes oferecer.


Sei…

Onde te posso encontrar,

Correr contigo, atrás de ti, á tua frente,

Mas essencialmente ao teu lado.


Sei…

Que posso contar contigo,

Arriscar a minha vida para te ajudar,

Pois por ti, nada é castigo, tudo é conquista.

Porque é que …

Porque é que …

Porque é que no amor não existem facilidades?
Sair por aí como um perdido,
Voar como uma andorinha extasiada,
Talvez pelo regresso da Primavera.

Porque é que nunca temos o que queremos?
Querer o mar e ter um riacho, seco, no Verão,
Mostrar que para mim és tudo,
E mesmo assim pensar que não chega.

Porque é que ainda luto?
Tenho o meu corpo ferido, irremediavelmente,
Talvez porque me dei demais a uma causa,
Fazer por ti tudo, e mesmo assim pensar que nada foi.

Porque será que ainda acredito neste amor impossível?
Talvez porque se não o fizesse ontem, hoje, amanhã…
Seria, sou, serei… um escravo preso no tempo,
Somente contigo, mas no pensamento…
Existe amor eterno?

Neste momento olho a lua,
A tua suave face vai-se construindo nela,
Pouco a pouco,
E depois de completa desaparece.

Procuro-a novamente,
Quer na lua, quer à minha volta,
Mas nada, nenhum sinal de ti,
Estarei eu a alucinar por tanto pensar.

É verdade, penso em ti a cada segundo,
Não me canso de o fazer,
Pareço, por vezes, um simples vagabundo,
Que nas ruas te procura, prazer.

Que grande satisfação seria estar contigo,
Olhar-te nos olhos e dizer o quanto te amo,
Nunca senti tal por ninguém,
É um sentimento deveras especial, único.

Está, realmente, um dia muito frio,
Os amantes de toda a cidade passeiam-se pelas ruas,
E eu aqui a suspirar por ti, ofegante,
Consigo ver-nos nos seus papéis.

Tu e eu, de mãos dadas,
Partilhando o mesmo coração, a mesma razão,
Sofrendo as mesmas tristezas, os mesmos medos,
Mas caminhando sempre juntos.

Tomando a direcção da felicidade,
Que a não ser eterna, quase a é.
Dura tanto quanto nós os dois,
Mas um dia, mesmo que não queiramos, o destino nos separa.
Desejo-te...