Voltar a sonhar debaixo das estrelas


Sempre pensei que era capaz de tudo e mais alguma coisa…
Nem de longe, nem de perto!
Já sonhei com amores impossíveis,
Mas hoje por eles não atravessaria o deserto.

Já não sonho como antigamente,
Já nem sonho sequer…
É triste perder todo este alento que nos guia,
Perder a vontade de continuar a lutar.

As vezes já nem sei pelo que luto,
Já nem sei qual a motivação que me move.
Sinto que ando pelo simples andar,
Respiro para me manter vivo e pouco mais…

Não vivo, existo!
Tenho plena consciência disso,
E mesmo sabendo que assim é
Sinto-me impotente, não consigo mudar!

Quero voltar a sentar-me debaixo das estrelas,
Voltar a sonhar com os olhos bem abertos,
Voltar a dar um motivo à minha existência
Quero viver, viver como antes vivia!

Preciso de amar novamente…
Amar daquela maneira louca e infantil,
Perder-me completamente no amor
Porque perdido no amor é o caminho certo!

Imagem: Caminho para as estrelas de Aliperti
Sozinho contra o mundo...


Nada resta daquilo que fui,
Porque desperdicei demasiado tempo
Na busca do impossível…
Porque me perdi por caminhos de ilusão.

Não há um dia em que não me sinta mal,
Não há um segundo de sossego para a minha alma,
Mas tudo tem de parecer bem,
Nada pode evidenciar as minhas fraquezas…

Já não pertenço a este mundo…
Estou desligado de tudo,
Já nada importa,
Nada me motiva para a vida.

Se soubessem a dor que vai cá dentro,
A angústia, o sofrimento, a fraqueza…
Não há mais lágrimas para chorar
Nem mais desabafos que me salvem.

Sozinho no mundo, sozinho contra o mundo…
Uma batalha épica, dolorosa,
Difícil, muito difícil, de vencer sozinho,
Sem armas mais difícil ainda é.

Já não consigo ter discernimento para tomar decisões,
Sou guiado por alguma força externa que me vai empurrando,
Não sei para onde vou nem como vou ficar,
Só sei que isto era o que não queria…



Foto: "Perdido" de Márcio Klein Rocha
Sem vontade para continuar


Olho para o céu quase em desespero,
Estou fraco e já não consigo continuar mais,
Baixo a cabeça quase como quem vai desistir,
Não há forças, não há vontade…

O meu fim está próximo, sinto-o…
Por mais motivos que eu tente encontrar
Para dar alento a esta triste e inútil vida,
Nada me transmite vontade para continuar.

Infelizmente a minha viagem acaba aqui,
Acaba porque já não há razões para continuar
É impossível arranjar alento que me continue a guiar,
“Tudo o que tem um princípio tem um fim!”

Olho-me constantemente ao espelho e penso para mim:
Mas afinal quem sou eu?
Qual é o meu verdadeiro propósito?
As respostas não surgem, apenas existe a dúvida.


E não há nada nem ninguém a quem me agarrar,
Nada nem ninguém que me ajudem a ficar.
Já ninguém me ouve neste vazio enorme,
Já não resta ninguém que me faça amar…


Foto: "Desistir" de Catarina Costa
Memórias do que não consegui



Hoje olho para trás e sei que tudo valeu a pena,
Cada instante, cada memória…
Não sinto arrependimento em nada que tenha feito
E sei que voltaria a fazer tudo do mesmo jeito.

Voltaria a sentar-me debaixo das estrelas,
Voltaria a correr por entre as gotas de chuva,
Voltaria a pisar as folhas caídas no jardim,
Voltaria a sonhar o impossível…

Se tudo foi do meu agrado?
Nem tudo…
Se tudo poderia ter sido diferente?
Poderia…
Seria hoje a mesma pessoa?
Sem dúvida que não.
Valeu a pena?
Claro, todos os segundos!

Mas não devo ficar muito tempo neste estado,
Olhar o passado deve ser um momento breve
Porque o futuro chama por nós constantemente
E o presente passa a correr sem pedir autorização.

Amanha algo de extraordinário acontecerá,
Eu sei que assim vai ser
Porque quem se esforça terá a sua recompensa
Algo que me alimente ainda mais a vontade de viver!

Luto por coisas grandes, muito maiores que eu…
Se vou conseguir lá chegar? Não sei.
Mas não quero que tudo seja uma memória
De algo que não atingi porque me limitei a esperar. 


Foto: Dá-me a tua mão de Ana Rita Vaz Cruz