Tempo de viver...

É o tempo que corrói e destrói a vida,
O mesmo tempo que flui constantemente.
É imutável, todas as suas horas são frias
E passa, distante, pelas nossas emoções.

Somos nós que damos significado às horas
Com as nossas atitudes e emoções vãs.
O nosso corpo segue ao sabor do vento,
Segue até encontrar dimensão alguma…

Dor, medo, amor… de quê?
Poder, dinheiro, luxos… para quê?
Se tudo acaba quando pára o coração…

Restam as vontades aprisionadas ao corpo,
Água, terra, um corpo… história inútil!
A vida acaba por nada ser… uma ilusão!
Saudades

Tenho imensas saudades
Da alegria que tu despertas em mim.
Sinto que os meus dias são vazios
As horas não têm motivo nem fim.

Tenho falta de coragem, intenção
Para me libertar deste adormecimento
E dar uma nova vida ao coração
Desolado pela falta de amor.

Tenho saudades tuas,
Do teu sorriso, do teu olhar...
Tu ainda vives no meu peito,
Na minha alma, no meu querer.

Acompanhas o meu tempo,
És a minha motivação,
És a minha lembrança dolorosa.

Ficaste num caminho que desconheço…
Ficaste com a rosa e eu com os espinhos,
Ficaste com a cicatriz e eu com a ferida…
Coração e razão!

Quando sinto um louco desejo de te ter
É o coração a gritar de amor…
Quando tenho consciência que nada é possível
É a razão a ordenar paciência…

Um coração que te ama,
Uma razão que te conhece…
O mesmo coração que te quer,
A mesma razão que te diz impossível…

Um grande dilema…
Duas forças incrivelmente antagónicas!
E não sei a qual delas deva obedecer
Pois tenho medo de voltar a sofrer!

Resta esta enorme vontade de vencer.
Entre a espada e a parede;
Entre o coração e a razão…
Que ao sonho conduzem.

Sonho emotivo, sonho racional,
Um único sonho: TU!
Uma realidade aparente 
Que se divide entre o coração e a razão…
Muitas vezes algo fica por dizer ou fazer...

Muitas vezes, na voz, ficam presas
As palavras, encerradas…
No olhar uma constante interrogação
Que jamais foi e será dita.

Muitas vezes, nos lábios, ficou preso
O sorriso, amarelado…
E o abraço carinhoso e desmedido
Ficou agarrado aos meus braços.

Muitas vezes, o beijo, foi desfeito pela boca,
Que estava pronto para despontar.
Sentimentos emoções e desejos…
Tudo acabou por passar…

O tempo passou demasiado rápido
E como tudo poderia ter sido mágico…
Perdeu-se uma excelente oportunidade…

Minha alma ficou em si mesma…
Calada sentiu toda a decepção
E escondeu a minha sinceridade…
Amor de Verão

Tu levaste-me e eu fui... na escuridão, atrevidos
Amamos, um pouco surpreendidos
Pelo calor que nos unia,
Nós que sempre estivemos separados…

Surpreendi-me, confesso-te, dos clamores
Com que encheste os meus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos,
Eu que os julgara sempre desolados.

Só assim arranquei a linha inútil
Da tua eterna túnica...
Para glória deste amor ardente.

Gostariam de te ver como eu te via
Depois, iluminada pela lâmpada macia,
Olhos reluzentes, sorriso astral, corpo divinal.
Muito para além do amor!

Se tu queres que pare de chorar
Diz ao tempo que pare neste mesmo momento.
Choro eu e chora o tempo também,
Ele e eu, tanto…
Que, só para que não fiques triste,
Quero tornar o choro uma canção.
Uma canção para te lembrares
Quando eu partir, para sempre…

Deixa-me chorar, assim desta forma,
Porque eu não vivo sem ti,
E a vida em mim 
Mostra-se dolorosa demais para ser vida.
Mas, porque eu te adoro,
Beija-me até ao fim… 
Limpa estas lágrimas de amor, 
Porque te amo, muito para além do amor!
A minha alma é triste

Eu adoro o manto escuro da noite
Que consigo traz uma alegria triste.
Adoro a neblina que ondeia
Sobre o monte, aborrecido.

Adoro as flores que crescem na planície,
Onde a brisa é fresca e suave:
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.

Adoro tudo por baixo do céu de chumbo.
Na serra jazem, hirtas, árvores,
O que delas era o fogo consumiu.
São sepulturas nessa terra revolta.

Adoro o silêncio da erva orvalhada,
O pio mórbido das aves nocturnas:
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.

Adoro mosteiros e igrejas,
Tristes cantos e tristes preces.
Adoro a espuma das ondas nos rochedos,
Um vai e vem monótono.

Adoro as tempestades, os ventos,
Voz de morte, os sons da ventania:
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.

Adoro os relâmpagos que as nuvens deixam escapar,
As imagens das árvores, iluminadas.
Adoro o sino que toca as partidas,
Triste som desencontrado com a vida.

Adoro esta vida mísera e triste,
As aventuras que ainda não vivi.
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.

Adoro o poder destrutivo dos furacões,
Asas negras que sacodem a terra.
Adoro a natureza, o fogo do vulcão,
Os lagos e a vegetação verdejante.

Adoro as embarcações no alto-mar
Sujeitas a diversos horrores:
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.

O céu azul, a brisa suave,
O lago azul onde os animais bebem,
A cabana do pobre pastor no vale,
As flores que não medram, choram.

A paz, o amor, o bem-estar e o sorriso
Não têm para mim qualquer encanto:
Porque, como a noite, é triste a minha alma,
Porque tu és fonte de ilusões.
Inverno

Inverno, manhãs doces de inverno,
Límpidas, tardias e longínquas.
Favorável às emoções das musas
E ao enigma da carne das amantes.

Quem és, que transformas árvores
Em iluminações dissemelhantes
E enlouqueces as rosas resistentes,
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?

Por que gelaste as vibrantes asas,
Alma dos céus, amor de coisas várias,
O inverno abateu-se sobre as casas!

Anjo luminoso e astral
Preservadora de santas e de estrelas...
Que importa a noite escura escondê-las?
Virtude

Passas, deslizas pela rua
Com graça divina.
Bela, olhos brilhantes...
Como uma gotícula de orvalho
Ou como puros diamantes...


Caminhas de forma graciosa...
Uma obra de Deus
Que atinge o meu coração,
Quando me dizes adeus
Acenando essa tua bela e fina mão.


Vejo-te a passar,
Durante todo o teu passeio,
De alegria espelhada nos olhos...
Assemelho-me à criança no recreio,
Pasmado com o desconhecido.


Passaste...
Fico apenas a imaginar-te
A andar por aí...
Fico então a pensar triste:
Morri, morri... de amor!
Frente a Frente...

Os meus olhos nos teus…
Os teus olhos nos meus…
Escuta bem o meu coração
Que dita palavras com emoção.

Estava amarrado mas soltei-me, 
Escolhi as armas com que vou lutar.
Relembro todos os bons momentos, 
Revelo parte dos meus sentimentos:
 
As lágrimas escorregadias;
Frases que ficaram por acabar;
Esse teu sorriso generoso;
Que tem um efeito, em mim, poderoso.
O carinho dos teus dedos
Afasta receios e dúvidas.
Derrubamos o imenso muro,
Passamos para o futuro.
O meu corpo é satélite do teu. 
E a minha alma é o teu céu.
Sonhos que não vivi!

Nesta vida em brilho, cinzenta,
Acabei por te encontrar
E também me apaixonar.
Sem teres noção
Coloriste o meu caminho.
Sem teres noção
O amor, em mim, voltou a despontar
E contigo, passei a sonhar.


Sonhei que caminhavas para mim
E que segredos me contavas…
Um deles: Que me amavas!


Sabendo que tudo não passou de ilusão,
Longe de ti e sem te ver,
É muito difícil te esquecer!


Sinto saudades daqueles momentos
Que contigo vivi,
Aqueles beijos que não esqueci.
Sinto saudades dos sonhos
Em que, magicamente, aparecias
E com ternura e amor, nos tocávamos.
Simplesmente,
Sinto saudades de ti
E de todos os sonhos que não vivi!
Sonhar é, essencialmente, viver!

Sonhar é viver...
É deixar que a vida aconteça.
O fundamental é tornar cada minuto numa vitória,
Uma glória, um sentimento...
Que se conquista a todo o momento.


Sonhar significa também ser feliz,
Sonhar é encantar,
É saber esperar.
E todos nós sonhamos!


Sonhamos com diversas coisas
Que ambicionamos ter e não temos.
Sonhamos até com os nossos sonhos,
Sonhos feitos à medida da imaginação.
Sonhamos com amores,
Amores feitos à medida do coração.


Não vamos deixar os sonhos partir.
Vamos agarrá-los bem com a mão,
Com ternura, com paixão…
Não os vamos deixar fugir…
Mas…
Se partirem, se tal acontecer,
Deixemo-los partir, mas
Com um suspiro só.


Portanto o sonho não deve morrer!
Vamos lutar à nossa maneira…
E se sonhar não conseguirmos,
Mesmo depois de várias tentativas,
O fundamental é saber que nesse dia,
(E esse dia vai chegar…)
Vais poder sonhar…
Sonhar à tua maneira.
Tela de amor...

Sonhei esse teu corpo, belo,
Como um pintor, mentalmente,
Pinta, da mesma forma, uma tela.


Todas essas formas doces
Muito bem e ternamente delineadas
E que precisam de amor.


Encontrei o teu pensamento
Algures no interior da minha boca
E, hoje, sinto-a louca
Para te beijar…
Cativas, fascinas...

Neste longo mar que navego
Essa voz que ouço,
Neste corpo que possuo e governo.


Só tu tens a sabedoria da vida,
O sentido de todas as emoções.
Tens o talento do amor, instinto,
Tens o toque imprevisível
Que provoca prazeres eternos.


Só mesmo tu, com esses expressivos olhos,
Entre os dedos o sussurrar do coração.
Conheces bem os segredos do amor
E dessa forma cativas, fascinas…
Contigo é sempre diferente

Contigo a experiência é sempre nova.
Há sempre um novo jogo,
Onde se confundem amor e prazer,
Onde corpo e espírito se tornam um só.

Nesses movimentos de dança
Toda a vida se renova.

Não existem estações do ano,
É constantemente primavera.
Quando espero por ti
E, tumultuosamente, tudo se passa
Nesse nosso fascinante encontro.
Procuro por ti...

Procuro nesses teus olhos
O sabor do vento,
O (em)canto das aves,
O encanto da vida,
O prazer absoluto, pleno.

Procuro os teus belos seios,
Os lábios…
As curvas colossais
Que culminam em doces gritos
Que me levam ao infinito,
Ao amor, quente,
Ao sonho, belo,
À realidade, fria.
Nesse corpo que vibra de ansiedade
Quando te procuro…

Amar-te…
É fruir a vida,
É sentir-te, especialmente,
Só minha…
Mudança constante...

Tudo é inconstante…
Tudo está bem, tudo está mal,
Desconheço até o estado actual.
É bem triste ser um amante.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,”
Eu vejo estas mudanças diversas vezes
Durante o dia, onde tudo se vai tornando
Irreconhecível, amorfo, sombrio…

Não encontro solução para este problema,
Não é fácil pensar, desta forma.
É ver tudo passar e acabar,
E nada poder fazer para parar esta mudança.

Quem me dera fugir, correr, voar…
Ocultar-me por entre as nuvens
E, quando tudo isto passar, de vez,
Renascer e amar tudo de novo!
Não percebo nada...

Não percebo…
Fiz um esforço enorme,
Mas continuo sem nada perceber.
Chego até a pensar em desistir.

Não percebo se és Verão ou Inverno,
Água ou fogo, Amor ou Sofrimento…
Não… nada me ocorre agora
Que possa explicar tanta incompreensão.

É como se tudo fosse um só,
Onde parte alguma se torna indistinguível.
No meio de tudo isto
Nada consigo perceber e escolher…

É como se o fim tenha chegado ao principio,
Uma regressão que tudo apagou…
Em mim só restam, marcadas,
Estas dores de alma, de tanto amar.
Como amar e não sofrer...

Como amar e não sofrer?
Constante incerteza esta,
Sabendo que devemos ser amados e amar.
Para evitar sofrimentos
Neste amor com fundamentos,
Tem que existir uma dupla correspondência.
Não desejamos um amor sofrido,
De modo a que, o nosso coração,
Seja despedaçado, pois sofrendo emoções várias,
Ficamos completamente desequilibrados.

Amar e não sofrer acaba por ser fácil
Quando, entre os dois, existe amor verdadeiro.
Ambos os lados estarão satisfeitos e
Felizes, sem sofrimento e dor.

Para amar e não sofrer,
Devemos amar a pessoa certa,
Aquela que, no nosso coração,
Tem, para nós, uma porta sempre aberta.
Aí sim, a certeza é uma só:
Vamos amar e não sofrer!
Um pouco... de nada!

É angustiante estar sozinho na tristeza
E na prece! Que angústia, estar sozinho,
Imensa, na inocência! Acesa a noite,
Revela, em brancas trevas o caminho…


Na vida a solidão do barulho da cidade
Une as almas frias à beleza aparente.
Da neve vã, tristemente, surge
O sonho, neve da natureza!


Irrecuperável, mesmo irrecuperável
Tanto quanto essa torre medieval,
Cruel, pura, insensível, inefável.


Torre: é uma angústia estar sozinho! Ó alma,
Que ideal perfume, que fatal,
Adormecimento desfaz a flor do céu!
Bela Paisagem

Subi aquela alta colina
Para ver o fim de tarde.
Por entre os infinitos rios
O silêncio está sepultado na sombra.

Deste modo, entrei no pensamento,
Fiz da morte uma amiga minha,
Junto dessa grande montanha,
Bem do outro lado do poente.

Nesse preciso momento
Tudo pareceu amorfo e sem memória.
Foi quando, de repente, uma donzela
De vermelho surgiu no vale e correu… correu… correu…
Fórum "Horas mortas... Nem por isso!"
De modo a que exista uma maior interacção entre os leitores (e não só) criei o Fórum “Horas mortas… Nem por isso!”.

Neste fórum podem, após se registarem, partilhar os vossos poemas favoritos, expor os vossos próprios trabalhos, colocar imagens, músicas, vídeos…

Não se esqueçam de fazer a vossa apresentação no fórum para que possamos saber mais sobre os utilizadores…

Agradeço e peço que participem nesta nova iniciativa que pretende, a cima de tudo, uma maior interacção entre todos vós…


Entre no fórum Aqui.

Despedida...

Apareceu, no céu, a lua
Cheia e branca…Foi quando, emocionada,
Estremeceu a mulher ao meu lado
E se entregou sem que nada fosse dito.

Larguei-as… era ainda jovem a madrugada…
Ambas cheias, brancas e sem véu…
Uma perdida, abandonada a outra;
Uma nua na terra, outra no céu.

Mas não me desfiz delas… a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; entreguei-o,
Feliz, de amor pouco e vida igual.

Mas que, em mim, tinha deixado
Um sorriso carinhoso da sua boca e
Uma lágrima dos seus olhos celestiais…
O sentido da vida...

Afinal o que é que tem sentido nesta vida?
Ter alimento e habitação;
Um cobertor numa cama fofa;
Ficar, até tarde, a ver os astros
Ou então, andar de rastos dia-a-dia
Por caminhos escolhidos por outros.

Para alguns o dinheiro é felicidade,
Vivem de Janeiro a Janeiro
Com o pé no acelerador.
Eu, sinceramente, preferia
Uma vida de poesia
Na companhia de um amor verdadeiro.

Há quem queira ser famoso,
Sair nas revistas e usar fatos,
Ter, no banco, a própria vida.
Eu acredito, apenas, na liberdade,
Em viver eternamente na saudade
De viver um amor verdadeiro.
Escolher... para quê?

Escolher?
Quem me dera nunca o ter de fazer…
Ter de agarrar uma estrela
Quando todas desejo ter.

Egoísta, ambicioso…?
Sim, talvez um pouco…
Esta minha mania de querer tudo,
Até mesmo o impossível…

Chamem-me louco…
Mas façam-no depois de reflectir
Sobre a vossa própria loucura…
Quantos de vocês desejam o impossível…

E, digam-me, que mal tem?
Não vejo qualquer loucura
Em querer o melhor…
Fazer melhor, ser melhor…

Agora lembrem-se de uma coisa simples:
O impossível não existe…
Com duas letras de esforço, de vontade,
Fazemos do impossível, possível…

Impossível é atingir metas, objectivos…
Sem qualquer sangue derramado.
É sentar-se em terreno favorável
E esperar os prémios de uma vida que não foi vivida…
Inconstante...

A minha poesia é inconstante…
Amor, sofrimento; Primavera, Outono…
Inconstante como a vida,
Como o barco que, no alto mar, ondeia…

Nuns dias o sorriso estampado nos versos…
Noutros as lágrimas espalhadas pelas estrofes…
Não levo a escrita por uma linha recta,
Ou estarei a confundir a vida com a escrita?

Nem a vida nem a escrita…
Em mim, nada tem um rumo definido.
Erradamente, deixo correr ambas
Como, em ziguezague, corre o rio.

Vamos, critiquem!
Quantos de vocês o mesmo fazem?
Não quero dar lições de moral,
Pois autoridade não me é confiada.

Apenas quero que outros evitem o erro
De viver a vida desafogadamente.
Façam do mal uma coisa boa
E do bem uma coisa ainda melhor…
Esta minha mania...

Que mania esta, minha,
De desiludir quem me apoia.
Sinto-me fraco, abatido…
Tenho até nojo de mim mesmo.

Que mania de estragar tudo…
Decepção, desilusão… chamem-lhe o que quiserem.
Mereço nada… pois nada só fica bem
A quem tudo tem e tudo estraga…

Tenho em mim todos os males do mundo…
Não me queiras conhecer…
Não queiras sofrer, chorar…
Não queiras conhecer esta horrível pessoa.

Sou uma besta, sim…
Não há outro nome sequer…
Tenho pena até de ofender o animal,
De submeter o seu nome à minha insignificância.

Peço desculpa…
Se desculpas podem ser pedidas.
Perdoem-me…
Se quiserem salvar a alma deste pobre poeta.

O mal que faço nem desculpa merece…
Fica à vossa consideração…
Lanço apenas uma última prece…
Salvem este “ser” que nada merece…
Depois fiquei sozinho...

Depois fiquei sozinho. O amor acabou
Senti-me pobre e triste.
Um cão veio e lambeu-me a mão na estrada,
Espantado, parei. Depois fiquei sozinho.

Depois veio esta poesia libertadora,
Aos poucos. Sofri muito mesmo.
Vi a face, em sangue, de Deus,
Vi a sua imagem e rezei. Depois fiquei sozinho.

Com o Verão chegou o medo.
Desci do meu castelo até ao rochedo
E falei sobre a noite e sobre o mar...

Anunciei anjos salvadores…
Depois fechei os olhos
E só então fiquei completamente sozinho.