Desabafo...

Aterrorizado escondo-me debaixo dos lençóis
E combato o escuro com o escuro.
A vida fez-me conhecer novos medos,
O maior deles: o medo de viver!

Estou cansado de viver…
Cansado de lutar…
Cansado de chorar…
Cansado até de amar…

Chego a desconfiar da minha existência!
Estarei a mais neste pequeno universo
Ou serei eu especial?
Especial como esses diamantes que trazes ao pescoço!

Acho-me incapaz de continuar,
As forças já se esgotaram à muito
E o caminho é longo, escuro e sinuoso…
As decisões são minhas e eu não as consigo tomar!

Tenho receio de caminhar sozinho,
Medo que o destino me pregue mais partidas.
Não tenho qualquer motivação…
Quero começar de novo!

Viver tudo de uma forma diferente,
Fazer mais e melhor!
Mudar os erros que cometi sem querer
E cumprir tudo o que, conscientemente, prometi!

Foto: Reviver o passado de Orlando Medeiros
Renasci!

Nasci de novo!

Voltei a sentir aquela inspiração

Que outrora me alimentava.

Voltei a tocar nas palavras!


Que saudade!

Escrever liberta-nos dos momentos menos bons,

Faz-nos sair deste mundo, voar!

E é tão bom ver um sonho a nascer!


É tão bom brincar com as palavras,

Atirá-las ao ar e esperar que tenham um significado!

É pintar uma tela sem pincel ou qualquer tinta,

É filmar a realidade sem câmara!


E as palavras vagueiam pela minha cabeça,

Assolam os meus sonhos, copiando-os!

Acordo e vejo-as bem à minha frente

Numa folha escritas.


Mais tarde posso recordá-las,

Atribuir-lhes um sentido lógico.

Encaixá-las na minha realidade

E esperar que nunca mais se apaguem!



Foto: Renascer de Manuel Lino
Amanhã esquecer-te-ei!

É difícil mas é verdade:
Arrastas-te pela minha vida!
O teu nome vagueia pela minha cabeça
E eu nada posso fazer para o apagar, de vez!

Amanhã esquecer-te-ei!
Prometo a mim mesmo que o farei...

Mas em vão, que desilusão:
O amanhã não existe!
O amanhã é o próximo hoje!
E hoje eu não te consigo esquecer!

Estou perdido no meu pequeno universo,
À procura de esquecer quem não existe
E ao mesmo tempo acabar com a minha vida.

As estrelas, as rosas, o céu...
Já tudo para mim é igual...
Nada sobressai desta monotonia...
E a vida tende a arrastar-se!

Coloco a mim mesmo perguntas várias
Para as quais ainda busco uma resposta plausível...
Neste momento o meu universo é vago,
Tudo está difícil de perceber e explicar...

Sei que um dia, uma manhã de sol radiante
Todos os segredos do universo me serão revelados
E nesse dia um sorriso será visto na minha face.
Seguido de uma pequena lágrima.

Espero que todas as minhas manhãs não sejam foscas,
Sem sol!
E que os segredos me sejam revelados enquanto pessoa viva.
Pois morto já nada me pode libertar da monotonia.