Encanto
Voltei a escrever e já não queria

Voltei a escrever e já não queria,
Julgava já ter esquecido este meu versejar,
Ser poeta é imaginar e sofrer todo o dia,
Escrever num papel o que a alma encontrar.

Este estado de alma que já não ousaria,
Que me traz sofrimento, para te encontrar,
Abandona o meu corpo quando escrevo poesia,
Nos poemas que ela cria, para me libertar.

A ti que mais amo e sem querer,
Se fico triste e te faço sofrer,
Rosa eu te quero, rosas eu te dou.
E se tu me vires distraído ou disperso,

Uma única coisa eu imploro e peço,
Espera! A minha alma não regressou.
Vai, segue a tua vida

Desculpa, mas não consigo,
Desisto,
Valerá a pena continuar a lutar?
Desce desse céu negro e diz-me,
Conta-me se vale a pena.

Não me ouves?
Não te dás sequer a esse trabalho,
Afinal não sou ninguém para ti,
Diz-me, diz-me o que eu quero ouvir.

E assim poderei esquecer,
Ou não,
Tudo tentarei para o fazer,
Em vão, bem o sei.

Mas irei tentar,
E se não conseguir, bem
Me podem tirar deste mundo,
Pois nunca amarei mais ninguém.

Mas ainda não me respondes-te tu,
Vamos, aguardo a tua chegada,
Para tirar a limpo
O que realmente sentimos,
Ou não,
Um pelo outro.

Anda, sê verdadeira,
De mentiras já me enchi,
Diz-me porque é que…
Por que é que…
… Não sentes por mim
O que eu sinto por ti?

Teimas em não responder,
Pronto, eu desisto também
De uma resposta tua,
Desisto,
Desisto desta vida que já não tem sentido.

Esquece que eu existo,
Ou melhor, não tenhas em consideração,
Estas palavras tão miseráveis,
Que eu tenho dito,
Com a melhor intenção.

Segue esse teu caminho,
Do qual nunca fiz parte,
Vai, segue a tua vida,
Não te preocupes comigo,
Pois nem eu o farei.

Quem quiser que me mate, de amor,
Não oferecerei a menor resistência,
Aproveitem agora,
Apontem bem para o coração,
Mas por favor, não falhem.
Lágrimas, nunca!


As tuas lágrimas, querida,
Despedaçam a alma minha,
Ardem na pele que me encobre,
São a dor mais profunda,
A morte mais lenta,
O sofrimento insuportável
Que me destrói.

Lágrimas não,
Minha querida.

As tuas lágrimas
São gritos que me agitam,
Que vejo sair do teu peito
Que eu beijo
Como quem toca maravilhas.

As tuas lágrimas
São o terrível castigo
Que eu não mereço.
Fazem-me sentir
Indigno de ti
Que me dás tanto amor.

Lágrimas não.
Elas desfazem-me.
E eu quero viver
Para te amar eternamente.
Se a Terra fosse minha


Se este planeta azul com manchas,
Me pertence-se,
Faria dele uma pequena pérola,
Para que o pudesses passear ao pescoço.

A Terra é, na verdade,
Um planeta demasiado pequeno,
Nele sinto que nunca estarás bem,
Mesmo que estejas num clima ameno.

De uma só vez sugas toda a água,
Que dos rios vai ter ao mar,
Não deixas em mim qualquer mágoa,
Mesmo que um dia me deixes de amar.

Assim, se a Terra fosse minha,
Seria tua também,
Pois juntos somos apenas um Ser,
Que um ao outro queremos bem.

Agora vai-te embora,
Esconde-te num pequeno canto do Universo,
Para que eu possa fazer da Terra,
Um presente para te oferecer.
Fado do encontro (Tim & Mariza)
Nada do que digo faz sentido


O ódio que amorosamente sinto,
Diz-me somente que minto.
Esta manhã tórrida de Inverno primaveril,
Acentua o Outono em que vivo.

Os meus olhos deixam cair,
Alegremente, lágrimas amargas,
Como se se tratassem de árvores,
Que sem motivo, as folhas deixam partir.

O vento leva também as memórias,
Os bons e maus momentos,
Todos juntos, num emaranhado,
Que já, tão longe, não posso voltar a lembrar.

Resta-me, nesta altura, aguentar a dor
Que a tua ausência, faz no meu peito
Escorrer, adocicado pela tua longínqua presença,
Sangue, que falta me faz para viver.

A noite está a chegar, devagar,
Mas, a sombra que se abate sobre mim
Fá-lo repentinamente, sem que tempo
Sequer, eu tenha para fugir.

Correr para um lugar abrigado da tristeza,
Onde, imperando o amor, me consiga
Suster em pé, pois agora,
Caindo, cairei num terrível abismo.
Dia de S. Valentim
Sem ti, nada existiria, tudo seria nada

Por onde quer que eu vá, penso em ti,
Preciosa informação transporto na razão
A tua representação faz-me voar,
Voar como um avião mas ao teu sabor.

O vento existe porque tu respiras,
O sol existe porque tu decides acordar,
A noite existe pois também mereces descansar,
O universo existe para conter o teu imenso Ser.

A humanidade existe para adorar a tua beleza,
Deus existe, pois alguém teve de criar tão magnifico Ser,
O Mar existe para que possas mergulhar nele esse corpo fenomenal,
Eu existo, porque na verdade, o meu amor por ti o consente.

Digamos que, de outra forma seria impossível a minha existência,
Privado da tua presença no dia-a-dia,
Seria como viver uma vida onde não existe vento, sol, noite,
Universo, humanidade, mar, Deus, seria viver o nada… seria impossível.
A vida como ela é


Caminho nas ruas.
Presencio tudo em meu redor,
Tudo me parece engraçado,
Fico contagiado, enternecido.

Vejo por entre as ramagens,
Nichos de estrelas,
Lá germinam e falecem,
Por elas a vida passa.

Por mim, que nada sou,
Neste universo de estrelas,
A vida parece não ter cor,
Perante tal, não guardo ódio.

Sinto que vivo, o que realmente quero,
Absorvo tudo de todas as formas,
Transformo a minha forma de ser
Conforme o que as estrelas pretendem.

As pessoas são estrelas,
Que resplendecem perante mim,
Vivem comigo, no meu interior,
Quando morro, elas também o fazem.

Acabada a vida, só existem
Apenas memórias, a meu ver,
Estridentes, daquilo que realmente é,
Vida, a vida como que por nós passa.
Juntos somos capazes


Ter-te é o que mais desejo,
Ser teu é o mais alegre dos castigos,
Contigo quero viajar por esse mundo,
Perdidos, talvez; juntos, certamente.

Certo é também o que sinto por ti,
Nunca nada semelhante foi experimentado por mim,
Até receio tenho de te mostrar o que sinto,
Pois medo tenho de não te vir a ter.

Triste ficarei se tal não conseguir,
Morrerei se não te puder seguir
Para onde tu me quiseres levar,
Pois enfim juntos, somos capazes de amar.
Que linda a tua voz
Que melodia é esta que estou a ouvir,
É um som divinal, digno de um deus,
Só espero que nunca me diga “adeus”,
E que, claro, nunca tenha de ir.

Quero ouvi-la todas as manhãs,
E também adormecer com ela,
Quero dizer-te o quanto ela é bela,
E se necessário, para a ouvir fazer manhas.

Faço tudo para a apreciar,
Sinto-me puro e leve quando a escuto,
Apetece-me sair, voar,
Quero voar contigo e, por isso, luto.

Não espero que seja em vão,
Querer-te tanto e nunca te poder tocar,
Ter-te no coração,
E nunca to poder mostrar.

Anda comigo, afasta-te desses seres repugnantes,
Que tudo fazem para nos verem infelizes,
Mas isso era dantes,
Agora ouço-te e que linda é a tua voz.