Aceito o fim

Existe maior dor do que privar o coração do amor?
Se existe não sei
Porque foi esta a maior dor que senti ate hoje.
Senti e sinto, dor ardente da solidão.

Ainda hoje choro essa dor,
Ainda hoje me custa abrir os olhos e não te ver,
Dói não sentir o teu toque suave
E mais que isto, não ter esse teu sorriso divinal.

E estou cada vez mais perto de desistir
De baixar os braços e submeter-me ao destino.
Estou cansado de lutar contra aquilo que sou,
Iludido por aquilo que não voltarei a ter.

Pode ser que alguém veja em mim algum valor,
Que me faça voltar a amar.
Tenho tanto em mim prontinho a despertar
Mas já não há forças para o fazer despontar.

Mas eu aceito o fim, não me mete medo…
Aceito que nada volte a ser o que era,
Porque sei que estás bem e só isso interessa
Sei que por onde andares haverá sempre um sorriso.

Foto: O fim de tudo... de Nuno Brito Fonseca
Fim, o meu fim...

Não me resta nada,
Apenas uma dor imensa no peito,
Não há sequer força para lutar,
Nem um ponto de apoio para recomeçar.

A felicidade, aos meus olhos, não existe,
Pensei ter sido feliz mas hoje duvido…
Quando num dia era bestial e passei a ser besta,
Quando afinal de contas nada foi realmente bom.

Quando já não se sabe o que fazer ou dizer,
Quando o nevoeiro se vai desvanecendo
E ainda custa ver o que se passa à nossa frente,
Custa ver o sol que se põe no horizonte…

Custa aceitar o destino duro e frio como ele é,
Dói sentir a alma ser trespassada pelo gume da escuridão.
E ainda mais que isto tudo
Dói ter sido eu a dar a ignição.

Toda uma série de eventos que me destroem.
Sou um suicida da minha alma
Que aos poucos lhe vai pondo termo
Até que um dia já não haverá mais nada para destruir.

Um dia já não voltarei a acordar,
Já não lutarei por causas perdidas,
Já não terei de viver comigo mesmo…
Aí acredito que serei feliz.

Longe de mim, longe do mundo…
Longe desta minha rosa com espinhos (destino),
Longe daqueles a quem fiz sofrer
Longe da vida que fui obrigado a viver.

Foto: Resting Soul de João Loureiro