O que será de ti?
Foto: ANDERS ERIKSSON


Será que alguma vez pensaste
No que será de ti
Quando eu não estiver mais aqui?

Quando acordares e não vires a minha mensagem,
Será que vais entender que sempre foste tu
O meu primeiro pensamento do dia...
Sempre foste tu!

Não saberás mais como é me olhar nos olhos,
E aquele sentimento de te encontrares nos meus (a)braços,
Não sentirás os meus lábios na tua testa
Nem ouvirás o meu coração no meu peito...

Irás conseguir caminhar sozinha pelo parque?
E o pôr do sol terá a mesma magia sem mim?
Tu a tremer de frio e eu a cobrir-te com o meu casaco,
Tudo isso serão apenas memórias...

Vais querer ligar e o meu telemóvel não vai tocar
Vais querer ir ao cinema mas o filme já acabou...
Vais ler o meu nome em todas as mensagens que te enviei,
Escritas nesses papéis perfumados.

Vais querer tirar-me do pensamento
Mas de tanto o quereres não o vais conseguir.
E quando chorares quem vai lá estar?
Quem, mais uma vez, vai segurar o teu mundo?

E quando tudo for nada?
Quando a minha imagem apenas é uma recordação,
E com um sorriso no rosto me recordarás com saudade...
Quando já não puderes sentir o meu perfume no ar...

Vais conseguir lidar?
Sem o toque dos meus lábios nos teus, com sorrisos pelo meio...
Não vais sentir falta de todo o carinho que te dou?
A minha presença constante será ausência angustiante...

Será que alguma vez pensaste
No que será de ti
Quando eu não estiver mais aqui?

E o que será de mim?
Sentado no chão da minha varanda
Foto de Gustavo Bettini e Lia Lubambo


Cá estou eu,
Mais uma vez sentado no chão da minha varanda,
Debaixo de um céu repleto de estrelas...
É verão, as noites são quentes
E o sono tarda em chegar.

É apenas mais uma de muitas noites
Que fico acordado até o sol nascer.
O silêncio da noite tem tanto de belo como de assustador
E, na minha cabeça, tudo parece mais confuso.
E nada fica mais claro, nem com o amanhecer.

Vejo no horizonte uma estrela que cai,
Um momento tão rápido
Que quando volto a abrir os olhos, já se foi.
Peço mais uma vez, uma vez mais...
Que aquele meu desejo se torne realidade.

É na solidão da noite
Que os meus medos desaparecem (ou não),
Porque aquilo que não vemos não nos assusta
E eu fecho os olhos para não ver.
Mas eu sinto, e eu não consigo deixar de sentir...

Não há forma de não sentir a tua ausência...
Olho para o lado e tu não estás.
E então baixo a cabeça
Porque já nem no brilho da lua te reconheço,
A tua fragrância perdeu-se na brisa que passa
E a minha pele desconhece já o teu toque.

Prometi a mim mesmo que não mais choraria por amor,
Promessa que vai escorrendo pela minha face ,
Porque depois de ti nunca mais fui o mesmo,
Porque me entreguei demasiado e pouco restou,
Porque me perdi de mim e não mais me encontrei...

E a cada vez que me tento levantar
Há uma força que me puxa para baixo.
Estas amarras que prendem e me puxam,
Estes sentimentos que impedem de continuar...
Estou esgotado de lutar contra estas forças invisíveis.

E é mais fácil estar aqui,
Sentado no chão da minha varanda.
Onde restam apenas os meus pensamentos,
Onde resta aquilo que sobrou de mim,
Onde nada resta.