Esse olhar rasgou-me em pedaços!

Eu acreditei em ti, meu Anjo cintilante,

Que eras a minha salvadora!

Cego pela crença, não percebi…

Todos os teus sussurros, esses avisos tão claros!

Agora vejo mais anjos, muitos mais…

Já lhes indiquei a porta de saída!

Desta vez não existe escapatória…

Não posso ter piedade!

Sem qualquer remorso, porque ainda me lembro

Do teu olhar quando, em pedaços, me rasgaste…


Levas o meu coração…

Desde o começo que me enganaste!

Mostraste-me os sonhos

E eu passei a vida a tentar realizá-los…

Quebraste a tua promessa e eu percebo, agora,

Que tudo não passou de uma mentira!


Meu Anjo cintilante, como eu não fui capaz de ver
As tuas intenções malévolas?
Meu Anjo caído, diz-me o porquê de tudo isto!
Qual a razão da aflição nos teus olhos?

Poderia ter sido para sempre, eterno,
Agora nós chegamos ao fim!

O mundo resolveu abandonar-me

Mas isso não serve de justificação!

Poderíamos ter seguido um caminho diferente!

Esse teu olhar quando, em pedaços, me rasgaste…

Não esquecerei…


Foto: Pedaços de carlos garcia (carlito)

A Mulher anjo!

Repentinamente…
Surgiste dos céus!
Usavas branco e trazias asas,
O cabelo encaracolado tapava os ombros
E o olhar era “mel”…

As asas tiraste após tocares o solo
E o olhar em mim fixaste!
Todo o meu corpo estremeceu…
O coração aumentou o ritmo
E mais não acalmou desde então.

Um “olá” me atiraste!
E eu sorri como nunca o tinha feito…
As palavras teimavam em não sair
E o olhar era a única forma de comunicação.

Tu sorriste e tudo em nosso redor parou!
O meu coração extravasava alegria
Enquanto os meus olhos se deliciavam
Com tamanha perfeição!

Ainda hoje lá estamos,
Examinando-nos mutuamente…
E reparo em cada traço da tua perfeição,
Perfeição que alimenta o sonho!

Foto: Mulher Anjo de Rosi Caires
Dedicatória especial à menina Silzinha. Para ela um grande beijo!
Raul Solnado

Liberdade


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


                                                                             Fernando Pessoa

Inspiração!

Onde o sol se apaga e as ondas nascem,

Está uma sereia que me inspira!

Para ela envio o sol, o meu amor…

Na volta cada onda traz um beijo, e uma mensagem de dor!


A distância atiça o querer…

Quero presenciar a tua beleza natural…

És um ser divinal!

E tens no canto o teu maior encanto…


Sabes uma coisa:

A vida é um sopro que o diabo se encarrega de dar!

Enquanto nós, montados nas asas do sonho,

Perdemos o tempo com futilidades!


Foto: A pequena sereia de Luisa Pintado