Parte de mim ousa amar-te,
A outra odeia-te profundamente...
Tu, no início, foste
O meu verdadeiro amor,
No final, uma grande ilusão.
Uma falsa definição do amor.
Uma ascensão aos céus
Mas também a minha queda no profundo abismo.
Parte de mim sonha contigo,
A outra parte, tenta esquecer-te...
Tu foste o meu sonho dourado,
A mulher mais que amada...
Hoje lembro-me das constantes mudanças,
Que feriram os meus sonhos,
E esfriaram-me a alma.
Deixando em mim um completo vazio.
Parte de mim é desejo,
A outra parte, solidão...
Porque cheguei a amar-te demais,
Enquanto tu me matavas com esperanças,
Roubavas-me o meu sorriso,
Tiravas-me até deste mundo,
Fechavas o meu coração a quem quer que fosse.
Parte de mim é paixão,
A outra parte, é razão...
Porque te continuo a querer como dantes,
Meiga, doce, apaixonada.
A princesa sempre sonhada,
Que chegou trazendo esperanças
E na partida acabou por me levar a alma.
Parte de mim te anseia,
A outra parte lembra o passado...
Porque sou ínfimo na defesa,
Nos cantos do mundo perdido,
Nos bons e nos fantásticos momentos,
No mais profundo dos erros,
Num rasto de felicidade.
Parte de mim sente saudades,
A outra parte já te esqueceu...
Porque ainda, em mim, restam lembranças
Dos bons momentos...
Mas também residem os menos bons,
Todo o sofrimento...
Hoje tu vais querer voltar...
Parte de mim diz que sim,
A outra parte diz que não...
A parte que ganha é a minha solidão.
Quando as duas partes de mim
Se espelham na mesma direcção,
E se juntam, tornando-se uma só,
Quando sabem que:
Ainda está para vir o dia em que te amarei como dantes...
Foto: Uma parte de mim de Rui J. Santos