Incessantemente

Quando menos se espera
O céu azul torna-se fogo…
O mar calmo torna-se revolto…
O teu corpo agita a minha alma…
Incessantemente.

Quando menos se espera
A guerra termina e a paz se instala…
A fome acaba e as crianças voltam a sonhar…
O meu coração, em fogo, acaba por gelar…
Incessantemente.

Quando menos se espera
Sonhos tornam-se realidade…
As incertezas se confirmam…
A noite vira dia…
Incessantemente.

Quando menos se espera
Nasce um amor, uma paixão…
Cresce um homem sonhador…
Morre um poeta um amante…
Incessantemente.

Quando menos se espera
Tudo começa ou tudo acaba…
Tudo nasce ou tudo morre…
Tudo é amor ou tudo é ódio…
Incessantemente.

Num segundo, num mísero instante,
Tudo se torna inconstante.
E depois…
Nada é concreto, nítido…
Incessantemente.
Desejos teus...

É a suavidade do teu corpo
A beleza da tua inocência,
Os desejos que tens,
A ingenuidade da tua maldade
Que me avivam.

Tu és o significado do tempo
Que eu quero guardar.
Tu és uma obra de arte
Que mesmo depois de concluída
Continua única e inigualável.

Tu és a mulher das mulheres
Que estando no meu destino
Representas tudo o que de bom existe.
Sinto-te inquieta

Quando te sinto perturbada
Hesitante e triste
Procuro no teu olhar
O fulgor da adolescência,
Essa estranha chama
A que não consigo resistir
Por saber que estás infeliz.

Amo-te mais, mais te quero,
Numa opressão desesperada
De transformar essa dor
Numa grandiosa prova de amor
E querer ser eu a sofrer
A efemeridade do mundo.
Nostalgia

Já bastante longe vai o tempo
Em que tocar-te era a luz do meu dia,
Mais longe ainda, o cheiro que sentia…

Infelizmente não passam de recordações,
Deste mundo em constantes mudanças!

Saudades de tocar-te, de abraçar-te, de beijar-te…
Saudades das palavras que trocámos com emoção.
Palavras repetidas e já bastante gastas de tanto lembrar…
Tão inocentes e ateadas por tanto amor.
Tudo acabou… tudo se desvaneceu… tudo se foi!!

Se arrependimento matasse…
Estaria eu já enterrado.
É desta forma que me sinto
Sempre que em ti penso, angustiado!

Prossigo com esta vida vulgar
Mas guardando no meu coração o teu lugar!

Viva o tempo que viver…
Estarei sempre à tua espera.
E por arrependimento, sofro por esta fantasia!
És tu!

Tu és magnífica, exuberante…
A beleza, a sedução,
Onde o amor, paixão
E o céu se confundem.

Tu és…
A alegre brisa matinal,
O pôr-do-sol abrasivo,
Daqueles que sabem
Que este mundo pode ser paraíso.

E tu,
A aparição mais bela
Que poderia ter surgido.
Sou Feliz!

Quando percebo, afinal,
Que não és ilusão, nem sonho…
É uma enorme emoção se apodera de mim,
Um sentimento de amor tão profundo
Que me faz querer trocar tudo
Para viver a teu lado,
Para ser só teu.
Somos apenas um corpo

Esse teu olhar assustado,
O teu coração pulsando,
As tuas belas faces rosadas
Onde os meus beijos são brasas
Encontram os teus beijos,
Saboreiam o teu corpo suave,
São a recordação,
O mais perfeito sonho
Da vida que vivemos.

Esquecemos até o mundo,
Tudo quilo que fazemos,
Somos um só.
Nunca poderei esquecer

Por muito que queira
Transformar o amor numa trivialidade
Contigo não consigo, não dá.

Foram demasiado belos os momentos,
Admirações raras, sonhos impossíveis
Que tu me ousaste oferecer.

E tudo aquilo que me deste
Nunca poderei esquecer.
Não receies amar a vida

Não receies amar a vida
De te entregares
Com toda a força dos teus sonhos,
Dos desejos ocultos
No templo dos teus pensamentos.

Ama-me
Como, sempre, se tratasse do último dia
E nunca mais nos encontrássemos.

Ambos somos fogo, terra e mar
E incapazes de nos saciar
Viveremos para todo o sempre
Ligados um ao outro.
Fogo

O sol, um pouco fora do seu tempo de chegada
Cobre o corpo da amada.
Doura-lhe a pele macia, sedosa,
Enquanto ela, radiante, sol se torna.

E mais ainda, deixa que a brisa atinja
O seu doce rosto e os seus cabelos
De modo que eu, ao ver tal tela pintada
Não me impeço de a querer alcançar.

E consigo, encaro o Sol como adversário
Ao mesmo tempo que, num desabafo,
Peço-lhe que renuncie esses raios de luz.

E arriscando neste jogo perigoso...
Para a proteger, decido cobrir a amada
Com a espessa sombra do meu corpo em fogo.
Água

A água banha a minha amada com claros
Ruídos, morna, banha a minha amada
Que eu, sempre a ouvir, atiro-me a sonhar
Os sons como se fossem luz, cor…

Mas são tais os segredos e suspiros
Que, pela sua pela doce e suave
Diz-lhe a água, que eu friamente encaro
Os factos, me deito a seus pés.

E espero pela amada. Quando sai, obrigo-a
A contar-me o que se passou entre ela e a água:
– Ela que se confesse! Ela que diga!

E assim arrasto-me até ao limite da praia,
Confuso de tanto pensar, na minha mágoa
De não ter a certeza se a água é minha amiga.