Fogo
Sandro Miguel Lourenço Gomes
O sol, um pouco fora do seu tempo de chegada
Cobre o corpo da amada.
Doura-lhe a pele macia, sedosa,
Enquanto ela, radiante, sol se torna.
E mais ainda, deixa que a brisa atinja
O seu doce rosto e os seus cabelos
De modo que eu, ao ver tal tela pintada
Não me impeço de a querer alcançar.
E consigo, encaro o Sol como adversário
Ao mesmo tempo que, num desabafo,
Peço-lhe que renuncie esses raios de luz.
E arriscando neste jogo perigoso...
Para a proteger, decido cobrir a amada
Com a espessa sombra do meu corpo em fogo.