Água

A água banha a minha amada com claros
Ruídos, morna, banha a minha amada
Que eu, sempre a ouvir, atiro-me a sonhar
Os sons como se fossem luz, cor…

Mas são tais os segredos e suspiros
Que, pela sua pela doce e suave
Diz-lhe a água, que eu friamente encaro
Os factos, me deito a seus pés.

E espero pela amada. Quando sai, obrigo-a
A contar-me o que se passou entre ela e a água:
– Ela que se confesse! Ela que diga!

E assim arrasto-me até ao limite da praia,
Confuso de tanto pensar, na minha mágoa
De não ter a certeza se a água é minha amiga.