Ainda trago comigo o teu coração



Continuo a inspirar a tua essência na brisa que passa
Quando já não quero em mim qualquer memória de ti.
Continuo também a encontrar ainda alguma verdade
Na réstia de dúvida que ainda persiste.

Ainda trago ao pescoço (preso por um fio) o teu coração.
Uso-o como um sonho que me fora roubado…
Coração que ainda abre as portas do céu,
Por onde procuro acalmar as dores do passado.

Mas são as lembranças que me atraiçoam.
Os tempos em que corríamos por debaixo da luz do luar,
Em que nos abrigávamos da chuva e fugíamos do sol ardente…
Tudo para depois te deixar partir.

Não consigo perdoar a mim mesmo
Os erros cometidos tal como as palavras não ditas
Ou até mesmo as acções que ficaram bloqueadas.
Perdi a noção do tempo certo de agir!

Deixei escapar uma oportunidade
E sei que não me será concedida mais nenhuma.
Tudo terminou tal como havia começado
Mas recuso a ideia de poder vir a ficar preso no passado.

Tal como o tempo a vida também não pára,
O coração levá-lo-ei preso ao pescoço,
Não como uma corrente que me prende ao passado
Mas como uma corda que me puxa para o futuro.



Foto: "I carry your heart with me" de Franjinhas