O que era já não sou


Ultimamente os dias têm sido bastante chuvosos,
É raro ver o brilho do sol espreitar por entre as nuvens,
Tao raro como na minha face se esboçar um sorriso.
Chove copiosamente na minha alma.

As densas e escuras nuvens
Não deixam o mais tímido raio de luz escapar
Tudo o que faço já não tem um motivo, uma razão,
Faço por que assim tem de ser, não há outra maneira.

As palavras faltam-me
Não distingo as cores
Os sons são todos iguais
O perfume já não é o de antigamente.

Isolo-me de tudo e todos
Pois já não me reconheço perante os outros.
Vivo comigo, sozinho
Porque preciso de me encontrar.

Tenho saudades minhas,
Saudades de outros tempos
Onde o sol brilhou como nunca havia brilhado
Onde conhecia a essência do meu ser.

Tenho ainda a esperança de voltar a viver
De aproveitar os dias que me restam de vida
E, decentemente, mostrar o que ainda não sou
Na ânsia de viver o Amor que ainda não vivi.

Foto: "Rain over my soul" de ®gonçalves