No fim de tudo, eu.


O relógio marca seis e trinta
E pela janela já se vê o dia lá fora,
Ainda não fechei os olhos
Mas sobre este papel já correu tanta tinta.

É nestes momentos a sós
Que consigo tirar de mim o que me atormenta.
A alma senta, chora, lamenta…
Mas não ficam por desatar quaisquer nós.

É estar sentado, agitadamente quieto.
É aliviar um peso que carrego há tanto tempo,
Um fardo em forma de sentimentos
Que a cada toque da caneta no papel
Se vai desvanecendo nos rabiscos que faço.

Escrever é acalmar e aliviar a alma,
Colocar num papel tudo aquilo que vive cá dentro,
Pintar um quadro com palavras…
É voar mesmo não tendo asas,
Montado nas asas dos sonhos.

Sonhos são cada vez mais escassos
São como gotas de água num deserto árido.
Admito que sonho contigo ainda
Felizmente não com a frequência de outrora
Pois não é bom relembrar os fracassos.

Agora sou eu, um pedaço de papel e uma caneta,
Eu e todo este conjunto de palavras e sentimentos
Cuja soma representa um todo e um nada.
No fim de tudo só resta o que importa,
Eu.