Não há muito mais tempo
Sandro Miguel Lourenço Gomes
O dia que eu tanto temia chegou…
Chegou o dia em que não sei o que escrever!
O mundo desabou perante mim
E eu limitei-me a aceitar tal facto…
Não sei como passar estes dias que ainda me restam!
Tanta coisa que deixei por fazer
Por pensar que tempo não iria faltar…
E agora o fim está próximo…
E são tantas as pessoas que quero ver,
Tantas as músicas que quero ouvir
E tantos os livros que quero reler…
E já não há tempo para tanto…
Pois a cada palavra que me sai pela boca
Mais lágrimas se escapam dos meus olhos.
Limitei-me a ficar sozinho…
Evitei que outras pessoas sofressem comigo
E que chorassem as minhas lágrimas…
Pois já nada mais lhes podia exigir!
Foto:
Time is running out de
-ANA-
A razão aconselha-me a desistir
Mas o meu coração continua a acreditar!
Há palavras que são impossíveis de apagar
E imagens que a memória jamais deixará partir.
No meu rosto já não habita um sorriso,
Nos meus olhos está espelhada a desilusão.
Acabo por me resignar,
Aceito que a felicidade me escape por entre os dedos.
São muitos os golpes na alma,
Enumeras as cicatrizes no coração…
E a força para lutar já não é a mesma,
A confiança está como a esperança, abatida…
Talvez um dia a vida me corra de feição,
Talvez um dia acorde e tudo esteja bem…
Até lá o sonho se alimentará,
Até lá viverei, mesmo sem saber o que isso é.
Cumprir o dever...
Sandro Miguel Lourenço Gomes
A noite cessou e a luz mais uma vez rompeu,
Uma rotina que já testemunhei diversas vezes!
Tenho por costume olhar as estrelas,
Vê-las nascer e morrer no céu!
Noites que atiro para o caixote do lixo,
Ora porque os olhos não querem cerrar
Ora porque a cabeça não pára de cismar!
E tenho dores já…
Dores de cabeça!
Tenho virado e revirado as lembranças da infância,
Tenho previsto o futuro tão minuciosamente
Que o medo de falhar é enorme!
Não sei se estou preparado para correr riscos,
Não sei se conseguirei viver com o meu falhanço!
Não suporto a ideia de desiludir quem quer que seja
Quanto mais desiludir-me a mim próprio…
Mas quero também poder olhar para trás
E poder dizer que venci,
Poder dizer que cumpri o meu dever,
Que vivi…