É em ti, nas ocasiões desagradáveis
Que afogo as minhas mágoas,
Onde entrego as minhas lágrimas,
Onde confio segredos invejáveis.
És tu, aquela amiga disponível
Para ouvir os meus desabafos...
Ditas os teus sábios conselhos
No silêncio do teu ondular incrível.
Na tua vasta profundeza
Estam ocultos os mais belos mistérios
De toda a Natureza.
Navegar nos teus enormes impérios
Todo o meu corpo se atormenta
E torna-se num desejo sem critérios.
Ao fim do dia encontro-me contigo,
A intenção, a meu ver, seria a melhor,
Mas o que está neste momento a acontecer,
É algo que abateu todas as minhas dúvidas.
Estamos nós num quarto,
Com as luzes apagadas, a amarmo-nos,
O teu corpo maleável, é como uma onda do mar,
Que bate em mim como nos rochedos.
Juntos conseguimos ouvir o respirar das estrelas,
Ou será o nosso ar ofegante,
Que neste emaranhado de formas,
Expressa todos os nossos sentimentos.
O calor por ti emanado,
É infernal, és muito mais que sol.
Ouço os teus gemidos, que me excitam,
Levam-me cada vez mais alto.
Cansados já, nós dois,
Explodimos num universo de prazer,
Estávamos ambos satisfeitos,
Por nos amarmos assim desta maneira.
Acabamos a ditar segredos às estrelas,
Desta maravilhosa noite que passamos,
Sussurros me fazes aos ouvidos,
E esperas que para sempre nos amemos.
Queria esquecer a luz dos teus olhos,
Porque assim eu não sentiria saudades deles...
Queria esquecer o tom da sua voz
E essa tua forma de falar,
Esse sorriso lindo que só na tua boca vejo...
Queria tanto, mas não posso,
Pois o meu sentimento por ti é deveras forte,
Impossível de tentar sequer esquecer.
Mas uma coisa é certa, amo-te,
Pois não sei ser para além de ti...
Mesmo na inútil ânsia de te esquecer,
Acabo por, a cada segundo, amar-te cada vez mais…
Hoje mais do que ontem e amanhã mais do que nunca!
O tempo passa a correr,
E aqui estou eu, sentado.
Aguardo aquele olhar que tu trazes
Que neste lapso de tempo me faz flutuar...
E tu, tão longe, mas no meu coração,
E eu aqui, à tua procura,
Tento a todo o custo encontrar a tua alma
Que subitamente se soltou da minha mão.
Há tanto para se falar no amor,
Na vida, no sonho, e eu aqui
Calado, perdido entre as palavras.
Tento pronunciar aquela frase,
Simples, antiga, porém sincera.
Eu amo-te...
Como está triste este dia.
Frio, vento, solidão.
E com uma chama luzidia
Me aqueço, sozinho, neste casarão.
Percorro os meus sonhos, lentamente.
Percorro o meu mundo ideal,
Onde vivo, temporariamente,
Quando a tua ausência é total.
É uma ausência dolorosa,
Como todas as são,
Quando quem vai embora
É dona de todo o meu coração.
Mas eu sei que a distância
Traz a saudade e nunca o esquecimento.
E essa tua natural fragrância
Cala, por breves instantes, o meu tormento.
Mas é muito o tempo sem te ver,
Logo na altura que agora impera,
Em que o amor acaba por vencer
Mesmo naqueles que não estão à espera.
Porém eu tenho que esperar
Muito mais que ninguém.
Mas quando a minha hora chegar,
Verás o que significa realmente a palavra amar...
As lágrimas que te caem dos olhos
São partes de um rio amargo.
Rio onde afluem desgostos
Daqueles que sofrem por Amor.
Os suspiros soltos por ti
São partes do vento que sopra.
Vento que carrega preces e orações
Daqueles que sofrem de Amor.
O sangue que foge do coração
É parte do tempo que teima passar.
Tempo que corre sem parar
Daqueles que sofrem por Amor.
Não tenciono que isto seja uma oração,
Apenas um ponto de partida
Para aqueles que sofrem, e
Querem voltar a viver, o Amor.
Poeira que paira no vento,
Poesia que se torna Pensamento,
Tudo resultou de ti…
Do decorrer de amáveis dias,
Da canção que sempre ouvias
E da Luz que em ti vi…
Em cada noite que passa,
O teu vulto infrutiferamente me abraça,
Tão distante que não o vejo.
Sinto as nossas mãos unidas,
As nossas sombras perdidas
Como um sonho ardente sem desejo.
Apoderaram-se de mim as saudades
Trouxeram-me frias verdades,
Que fiz tudo para esquecer.
Vieram misteriosos incensos
Oscilaram brancos lenços
Mas nunca mais te voltei a ver…
Olha para mim…
Diz-me o que devo ser,
Em que mentira devo acreditar…
Podes dizer-me também
Quando é que pensas tomar decisões…
Fazer o que acreditas ser o melhor.
Eu só não sei,
Não tenho sequer uma ideia
Do que devo ser.
Olha para mim,
Eu sou a imagem das tuas esperanças e tragédias?
Olha apenas para mim e diz-me
Se alguma vez vou ser mais do que memórias?
Porque, realmente, não sabes…
Continuas a não saber…
Que tudo que eu sou, sou eu.
Sem máscaras, sem mentiras, sou apenas eu.
O tempo passa por nós, numa direcção desconhecida,
Tu deixaste-me e eu estou sozinho,
Mesmo antes de saberes que o destino triunfou
Disseste-me aquilo que eu não sabia.
E agora vejo tudo claramente
Portanto, adeus…
Peço-te que olhes para as estrelas
E acredites apenas em ti mesma,
Pois essa é a melhor certeza que podes ter
Até um dia, adeus…
Sempre soubemos que o destino era adverso,
É difícil pensar e perceber o que perdemos.
A importância da arte, a arte como guia,
Especialmente quando nada te completa.
E isto também está certo,
Portanto, adeus…
Olha apenas o imenso mar de estrelas
E acredita que estou a pensar em ti,
E isto é ainda mais certo,
Até um dia, adeus…
O tempo acaba connosco,
Marca-nos a face, as mãos, todo o nosso ser,
E saber que o destino vence, corrompe-me ainda mais,
Mesmo assim, adeus…
Ao fim do dia acabo sozinho, deitado,
A minha cabeça pendente, pensativa,
Pensando em ti até que ela me doa.
Sei também que estás a sofrer,
Mas que podemos eu e tu fazer,
Se em pedaços estamos…
Eu gostava de poder carregar
O teu sorriso no meu coração.
Assim, nas horas em que me sinto perdido
O teu sorriso me faria acreditar
No que o futuro se pode tornar.
A verdade é que no presente não se sabe,
Nunca se sabe…
Eu sinto-me vazio de amor…
Estou perdido, em ruas obscuras.
Agora sei que estavas certa,
Acreditei demasiado tempo, e agora…
Estou vazio, sou um ser mórbido.
Afinal o que sou sem ti?
Não acredito que seja tarde demais
Para te dizer que estava completamente errado.
Quero ter-te de volta,
Que me leves para tua casa.
Para bem longe destas longas noites solitárias…
Estou à tua procura.
Também sentes?
Será este sentimento verdadeiro?
O que me dirias se te telefonasse agora mesmo?
E se te dissesse que posso esperar eternamente?
Nada está fácil, e a cada dia se complica mais…
Por favor, ama-me ou eu morrerei.
Vou morrer, se vivo ainda estiver…
Foto by Ruben Andrade
Não quero que este momento
Tenha um fim,
Onde tudo acaba por ser nada
Sem ti…
Esperaria, se preciso fosse, por ti
Para te ver sorrir…
Porque, a verdade é uma só, não sou nada
Sem ti…
Independentemente de tudo isto,
Eu sei que cometi erros.
Tropecei, caí, levantei-me…
Mesmo assim arrisco estas simples palavras.
Quero que tu saibas
Que não tenciono deixar que isto acabe.
Estas palavras representam a minha alma.
Vou-me agarrar a este momento,
Pois o meu coração sangra.
Mesmo assim, não vou deixar que isto acabe.
Pensamentos lidos e relidos,
Para sempre perpetuados no tempo.
Todos esses pedaços de memórias
Que, despedaçados, caem no chão.
Eu sei o que tive e o que não tive,
Portanto, não vou deixar que isto acabe.
Mesmo que não queira, é verdade
Que nada sou sem ti…
Por ruas nostálgicas caminhei,
Onde, sozinho, apaguei o meu sofrimento.
Não tinha qualquer lugar para onde ir,
Até que cheguei ao fim…
Mesmo à minha frente
Vi um anjo cair do céu brilhante,
Mesmo quando não sabemos
O que realmente procuramos…
O sol brilha bem lá no alto.
Alimenta quem trabalha esta terra,
Quem a torna fecunda.
O sol, o imperador imortal…
A lua ilumina a noite escura.
Torna presente o gato esfíngico
Que, cuidadosamente, nos telhados
Procura a companhia nocturna.
O sol e a lua amam-se.
Beijam-se constantemente,
Ainda que a grande distância.
A lua é o espelho do sol.
Não são sete sóis nem sete luas.
São um “eu” e um “tu”, metaforicamente
Representados por estes maravilhosos astros.
Eu sou sol, tu és lua.
A realidade faz-nos distantes,
A ilusão, o sonho, junta-nos.
O tempo acaba connosco a cada instante,
Mas não existe espaço para a nossa grandeza.
As nossas vozes cantam em uníssono,
Lágrimas, em sincronia, escapam dos nossos olhos.
Nem divergem os nossos pensamentos…
Pois as palavras que são ditas, essas sim, não chegam.
Quando o sol deixar de brilhar,
A lua deixar de reflectir a sua luz,
O mundo irá terminar também.
Sendo assim, que o seu amor seja eterno….
Por mais que a alma doa,
Por mais palavras que escreva
Para tentar fechar os seus olhos,
A dor é insuportável.
Por mais que o coração chore,
Por mais canções ouvidas
Para sarar as feridas nele feitas,
A dor é insuportável.
Por mais que a chuva caia,
Por mais telhados que existam
Para nos abrigarmos dela,
A dor é insuportável.
Por mais que eu tente esquecer,
Por mais poesia que escreva
Para me libertar e voar,
A dor é insuportável.
Por mais orações que preste,
Por mais sonhos que invente
Para te tirar da minha cabeça,
A dor é insuportável.
Por mais amor que se tenha,
Por mais carinho que se demonstre
Para ver na tua face um sorriso,
A dor é insuportável.
A dor que assola constantemente o meu corpo
É extremamente insuportável.
Consome-me e mata-me diariamente,
Sobrevivo, ainda, pois acredito na cura…
Ainda recordo as palavras doces que proferias
bem junto ao meu ouvido...
Lembro o sorriso largado pelos teus lábios,
As inúmeras explicações dadas
Quando não conseguias telefonar...
Ainda evoco as gargalhadas que demos juntos,
As promessas feitas...
Recordo ainda a forma como me olhavas,
Os sonhos que juntos partilhávamos,
Do amor que eu tinha para te dar...
Sinto ainda o teu perfume,
O calor que a tua pele emanava,
Sinto ainda a tua presença...
Recordo até aquela nossa canção.
Lembro-me das vezes que me olhavas
E dizias ter medo de me perder...
Lembro a minha vasta vontade
Em ver nos teus lábios um sorriso.
Recordo todas as cartas escritas
Que me faziam acordado até tarde...
Lembro as noites em branco,
Contigo na minha cabeça.
Hoje, talvez não goste de ti como dantes,
E nem tu me amas como dizias amar,
Ainda bem me lembro...
De todos os meus sentimentos,
Restam apenas mágoas e palavras nunca ditas.
Não tem mais importância, o passado,
Só interessam as memórias
De que um dia poderei amar alguém,
E enquanto houver este silêncio ensurdecedor das palavras
E o melódico som dessa música
Que em mim marcou algo importante,
Eu vou-me lembrar de tudo o que passamos
E desejar poder transformar o meu passado
Em algo, no futuro, maravilhoso de lembrar.
Então, não me digas que perdeste também a fé.
E eu que nunca a deveria ter perdido.
Mas não te esforces mais, não,
E se estiveres a ouvir o que te digo,
Não respondas.
Neste momento uso um colete à prova de balas,
Estou com todas as janelas fechadas.
Irei fazer o melhor que puder,
Conto ver-te muito em breve
Na lente de um telescópio,
Quando tudo o que fazem é admirar o teu brilho,
Ver-te-ei em breve.
Então, foi por ti que eles vieram à minha procura,
Eles viram em mim uma ameaça.
Mas não te esforces tanto, para nada,
E se estiveres a ouvir isto também,
Não respondas.
Eu já perdi a fé,
Aquela mesma que fez, numa outra obra,
Levantar uma enorme máquina voadora.
Eu perdi-a, perdi-a, perdi-a…
Fiz todo este caminho para te encontrar,
Dizer-te que sinto muito,
Tu não conheces a tua real amabilidade.
Tenho de te descobrir,
Dizer-te que afinal preciso de ti,
Dizer que não te abandonarei.
Conta-me os teus segredos,
Coloca as questões que quiseres,
Voltemos ao princípio, se necessário.
Estou a correr em círculos,
Como um cão corre atrás da sua cauda.
Todo eu sou silêncio.
Ninguém disse que iria ser fácil.
Foi uma infelicidade aquilo que nos aconteceu,
Jamais alguém poderá dizer que vai ser fácil.
Alguém que me leve para o princípio.
Eu estava só a pensar,
Números, malditas figuras,
Rejeito todos os seus significados.
Pensamentos filosóficos,
Questões metafísicas, fantasias,
Não dizem tanto quanto o meu coração.
Diz-me que me amas,
Volta e olha-me nos olhos.
Ou então, leva-me para o princípio.
Completamente envolta pela solidão
Uma estrela mórbida, mas luzidia
Que vence as trevas maliciosas.
Iluminada pela luz dessa estrela.
Uma mulher nostálgica e isolada
Que vê na luz da estrela a salvação.
Como um Ser que a tudo ocorre.
Mas eu digo-vos que esse Deus é fantasia,
Uma mentira dita por palavras repetidas.
De nos iluminar com a sua falsa sabedoria,
De carregar esta cruz de sofrimento,
De olhar por nós e para nós.
Nós que sorrimos, choramos…
Nós que, enfim, nos matamos
Na ânsia de atingir o impossível.
Temos ainda tempo para olhar os amigos
Que necessitam por vezes de ajuda.
Ajudamo-los de bom grado.
Chegam a puxar-nos para trás se preciso for.
Passam por cima de nós, pisando-nos,
Enfim, almas completamente desgraçadas.
A mulher lhe fará também companhia
E eu, eu partirei…
Partirei quando mais nada me motivar.
Os amigos levá-los-ei no pensamento, uns;
Outros, no coração.
Quanto ao resto, nada me fará falta.
O amor deve ser como água, genuíno e cristalino,
Como a terra, forte e gracioso,
Livre e solto como o ar…
O amor está nos meus olhos que fascinam,
Na tua boca, que me faz delirar,
Em tudo o que te pertence,
Pois esse tudo foi tocado pelas tuas mãos delicadas e macias.
O amor resume facilmente numa só palavra; tu.
Eternamente tu!
Todo o aroma das rosas,
Toda a imaculabilidade dos anjos,
Toda a pulcritude do céu,
Toda a ingenuidade das crianças,
Toda a extensão do mar,
Toda a robustez das ondas,
Mesmo que eu tivesse todas as belas coisas da vida,
Todos os grandiosos lugares do mundo,
Nada teria sentido se eu não tivesse
O presente mais precioso, mais nobre e mais divino
Que esse Ser Transcendente me pode dar...
A tua amizade…
Devo agradecer por tu existires na minha vida.
Muito obrigado…
Para apanhar algum ar fresco.
O dia até nem está excelente,
Ao longe vêem-se nuvens escuras.
E eu caminho em direcção a elas,
Ou será o contrário?
Já não tenho noção de nada,
Só sei que caminhamos em direcções opostas.
O vento sopra, com força…
A chuva que temo ameaça cair,
Mesmo assim contínuo,
Nada consciente do que poderá suceder.
O vento é tão forte
Que tenho dificuldades em continuar.
Vejo as pétalas das flores
Serem levadas por uma rajada bem forte.
Pouco depois as primeiras gotas
Seguidas das segundas e de muitas outras.
Chove abundantemente.
Estranho até o gosto que tenho por esta chuva.
É uma chuva libertadora.
Chuva que esclarece os meus pensamentos,
Vem alimentar as raízes da minha ambição,
Do querer que me consome constantemente.
A chuva passou, e o vento com ela.
O sol teima em se esconder,
Mas não será por muito mais tempo,
Pois a seguir à tempestade, a bonança virá.
O sol revitaliza tudo onde incide,
Toda a natureza resplandece alegria.
Surge até um arco-íris
Que a não ser ouro é com certeza magia.
Tudo isto num instante.
Mais instantes idênticos acontecerão
Mas, com muita pena minha
Muitos não as poderão vivenciar.
Voltou a ganhar cor, frescura…
Deixou crescer folhas, nascer flores
E por fim, deixou que se aproximassem os pássaros.
Pássaros que se apaixonaram pelo seu perfume.
Aroma adocicado e viciante
Que também a mim me seduz,
Faz-me levantar, ir mais adiante.
E com ela todas estas aves
Que, em círculos, voam admirando-a.
Todo o seu magnífico porte.
Segura por fortes raízes
Que abraçam o solo em sua volta
Uma perfeita harmonia entre elementos.
Todos aqueles cabelos pendentes e macios,
Essas pele que alegremente toco,
O perfume que cheiro das suas flores.
Com os pássaros, com o solo, o ar.
Não permito que eles te toquem,
Árvore, árvore da minha vida.
Se assumires forma humana?
Todas as características ditas e reditas
Se multiplicarão após a metamorfose.
Continuarei a manter-te viva
Sem qualquer indício de fraqueza
E assim crescerás, e eu contigo…
Poeta não sei mais ser.
De que me vale mais versos escrever
Se a ti, musa minha, jamais voltarei a contemplar
Sem ti nada faz sentido, de nada me vale
E para nada quero viver.
Uma e outra vez com minhas ninfas compartilhei
Toda esta minha sufocante dor.
Minha face disforme esta, mostrando todo este,
Que meu corpo invade, horror…
Todo este penetrante e sentido clamor
Musa minha, o que por ti não faria…
Os mais sombrios e inóspitos vales atravessaria,
Ao mais profundo e frio dos mares mergulharia,
Com assas de condor sobre o mais alto dos montes voaria…
E ia, ia, ia, ia, ia, ia, até ao fim.
Todos os teus medos e receios carregaria em mim.
Terá sido todo este amor
Uma dura e longa batalha fracassada?
Não! Porque um dia, mais que nunca,
Foste minha mulher, foste por mim amada.
Terá tido todo este amor um fim triste?
Não! Porque um dia fui teu príncipe, teu herói,
Dei-te tudo o que me pediste…
Tenho a certeza que está tudo na mesma.
Meu amor impossível, estou na negação.
Invento piadas para me sentir culpado.
Desculpa, amor impossível, mas eu não te perdi.
Não mereço sequer pronunciar o teu nome.
Não passo de uma alma sem ambições,
Que tem como casa todo este mundo.
Eu nunca sei o que me tornou
Rei de tudo o que é escrito e dito,
O poeta esquecido.
Esta cidade, após derrotada, foi enterrada.
Eu passeio nesta rua sem nome aparente,
Rumo a casa.
Onde eu fui cair...
Afinal, os mortos, parecem conhecer-me,
Pedem-me que faça uma ponte de inocência.
A minha satisfação é garantida,
Uma catástrofe debaixo da almofada.
Recebi esta missão de parte desconhecida,
Impulsionada de lugares infernais.
Uma cova aberta em qualquer canto,
Resta saber para quem será.
Tenho tentado enganar o tempo.
Não me lembro sequer do que fiz de errado,
Sou rodeado de possíveis inocentes.
Fiz promessas de fidelidade neste mundo cruel,
Ao qual, infelizmente, pertenço.
Caminho em direcção à catástrofe,
Apresento-me como filho de todos os diabos,
Só lamento o que me fizeram.
É tarde demais para que possa ser salvo.
Quantas vezes posso eu dizer
Que ouço vozes na minha cabeça,
Será que estou a falar de mim?
Não consigo identificar a causa de tudo isto.
E o meu amor impossível disse-me:
No que diz respeito à minha queda,
Talvez eu esteja melhor que os mortos,
Continuo igual, no final de todo o nada.
É tão bom saber como me recebes nesta cova.
A tua ausência torna a noite mais fria e escura.
Mesmo não querendo vi-me envolto em amargura.
Até quando este vazio perdura?
Quanto mais tempo me privas da tua ternura?
Tudo no meu ser se rasga, se desmembra e fractura.
Sem ti, vagabundo vagueio por ruas doentias,
E nem mesmo a gélida morte parece tão dura…
Sem ti, mulher meiga e pura.
E a vida, inequivocamente, vai esmorecendo,
Mas no meio de tudo isto, algo teima em existir
Que forte e destemidamente a tudo resiste,
E jamais se esquece.
Permanece muito para além do tempo,
Até para além da própria vida.
Perpetua-se para a eternidade…
O que, irremediavelmente, sinto por ti.
Poder falar, sentir, chorar…
Mas pouco ou nada me vale tentar
Porque não te tenho, a ti.
O teu inesquecível e doce sorrir
O teu penetrante e meigo olhar
Queria tanto…
Poder olhar para ti serenamente,
Depois meigamente tocar-te,
Abraçar-te com ternura e quente amor,
Para por fim,
Ousada e intensamente beijar-te.
Mas acaba tudo por ser em vão.
Lacerado e arrasado está o meu coração,
Porque vazio está, vagueando sem rumo nem razão.
Poeta não sou, e tu não mais que mera ilusão.
Tu resides em mim.
Fujas para onde fugires,
Andes por onde andares,
Faças o que fizeres
Eu sonho eternamente contigo
Mesmo que não o consintas.
Se olho para o céu, para o paraíso,
Vejo os teus olhos no azul celeste.
Se olho o luar, o seu brilho és tu.
Estás presente em qualquer movimento
Se olho para o sol,
Na sua luz eu vejo o teu olhar.
Nas ondas do mar, a ondulação do teu cabelo,
Mesmo sem estares, estás presente.
Sonho contigo a todo o tempo,
A cada segundo penso em ti.
Em tudo o que diga ou faça
Uma parte de ti o faz também.
Em tudo o que sonho ou o que vivo,
Inequivocamente existem sinais de ti.
Peço-te que não saias de mim,
Da minha mente e do meu coração
Não sei já sequer,
Se és real ou ilusão,
Se doente estou, ou se sou são.
Uma história, naquele teu retrato.
O tempo ensina a viver, e eu sobrevivi,
Mas quando olho para lá lembro-me de ti
Onde estiveres, em qualquer lugar, pensa em mim.
Neste sonhador que aqui escreve,
Onde estiveres lê este poema que é para ti,
E quando leres, talvez penses em mim.
Já caminhei na sombra dos teus passos,
Mas hoje quero-te nos meus braços.
Será que este cenário é possível,
Ou será que, em segredo, pensas em mim.