Uma cova para dois...
Já não apareço aí por casa há algum tempo,
Tenho a certeza que está tudo na mesma.
Meu amor impossível, estou na negação.
Invento piadas para me sentir culpado.

Desculpa, amor impossível, mas eu não te perdi.
Não mereço sequer pronunciar o teu nome.
Não passo de uma alma sem ambições,
Que tem como casa todo este mundo.

Eu nunca sei o que me tornou
Rei de tudo o que é escrito e dito,
O poeta esquecido.

Esta cidade, após derrotada, foi enterrada.
Eu passeio nesta rua sem nome aparente,
Rumo a casa.

Onde eu fui cair...

Afinal, os mortos, parecem conhecer-me,
Pedem-me que faça uma ponte de inocência.
A minha satisfação é garantida,
Uma catástrofe debaixo da almofada.

Recebi esta missão de parte desconhecida,
Impulsionada de lugares infernais.
Uma cova aberta em qualquer canto,
Resta saber para quem será.

Tenho tentado enganar o tempo.
Não me lembro sequer do que fiz de errado,
Sou rodeado de possíveis inocentes.
Fiz promessas de fidelidade neste mundo cruel,
Ao qual, infelizmente, pertenço.

Caminho em direcção à catástrofe,
Apresento-me como filho de todos os diabos,
Só lamento o que me fizeram.
É tarde demais para que possa ser salvo.

Quantas vezes posso eu dizer
Que ouço vozes na minha cabeça,
Será que estou a falar de mim?
Não consigo identificar a causa de tudo isto.

E o meu amor impossível disse-me:
No que diz respeito à minha queda,
Talvez eu esteja melhor que os mortos,
Continuo igual, no final de todo o nada.
É tão bom saber como me recebes nesta cova.