Sinto-me tão só...


Sinto-me tão só...


Eu e esta estranha sensação de barulho ensurdecedor,
Eu e esta nítida impressão de que falta algo acontecer,
Eu e esta estranha prisão da alma no corpo,
Eu e a minha respiração aprisionada,
À mercê do destino e da efemeridade do tempo.


Sinto-me tão só...


Todos os eixos da alma, frágeis,
Já não aguentam a força insuportável
Da dor e do sofrimento extravasados pela paixão,
Vazam já, emoções, desordenadas,
Encharcando a minha vida como a chuva o costuma fazer.


Sinto-me tão só...


Desisto de mim mesmo, sem resistência
Deixo que tudo saia, deixo encharcar, deixo inundar
Solto-me totalmente, em passiva concordância
Enquanto à minha volta, o vento que passa
Grita bem baixinho:


Amar...
Amar...
Amar...