Um instante para relembrar

Dá-me um instante para te poder admirar
Um pequeno segundo para te beijar.
Dá-me um momento para enganar a saudade
Todo o tempo para te amar de verdade.

Uma só vida não chega para te mostrar o meu amor
Nem um universo contém o que significas para mim
Até sonhar já não é igual se não for contigo
E voar não quero se não for a teu lado.

Podia eu escrever coisas bonitas
Ou talvez inventar palavras amorosas para te dizer
A verdade é que já gastei tudo o que tinha
E tu continuas a merecer muito mais.

Escrever uma letra encantadora
E fazê-la acompanhar de uma música harmoniosa
A verdade é que cantar não é uma habilidade minha
E não existe canção que encante o verdadeiro Encanto.

Nada do que faça ou sonhe fazer
Representa o que sinto na verdade
E podia ter desistido, podia…
Mas também não o queria lamentar.

Foto: White and Black Kiss de Daniel Pedrogam
Um abraço...



Dá-me um abraço
Para que possa acalmar a tua insegurança.
Não tenhas qualquer receio
Temos toda a noite e ela ainda é uma criança.

Um abraço reconfortante
Que não esqueças facilmente
Que desejes repetir
E que eu não consiga negar.

Esse abraço que o destino traçou
Mas que o tempo tem vindo a adiar.
Esse abraço entre o sol e a lua
Cuja intensidade nenhum eclipse poderá abalar.

Anda dormir comigo debaixo da luz da lua,
Abraçados, totalmente envolvidos, a sonhar…
Esperar que o dia desponte
E ao acordar com um beijo apaixonado te brindar.

Foto: Aquele Abraço... de Duarte Neves
Chorar para acalmar a dor...

Estas lágrimas que choro,
Este “sangue da alma” que de mim brota
É sofrimento que não tem fim,
É um alívio que tarda em chegar!

Choro!
Não porque os olhos me pedem
Mas sim porque a alma, de joelhos, me suplica…
Que lágrima a lágrima acalme esta dor!

É uma salvação que tarda em chegar,
Não existem lágrimas capazes de acalmar esta dor,
Nem tudo a alma consegue controlar
E este coração não é mais que enganador!

E tu a quem chamam de Deus…
Porque me deste um coração?
Porquê?

Foto: Lágrimas de Sangue de DreamCatcher
Não sou o que outrora fui...


Este mundo exige demais de mim;
As pessoas deste mundo exigem demais de mim!
E quanto mais dou
Mais elas exigem de mim!

Sou como um grão de areia depositado numa praia qualquer!
Já fui pisado por tanta gente…
Já fiz até parte de um castelo
Que as ondas desfizeram sem piedade!

Sou como uma árvore plantada na Primavera
Que escreve nas folhas a realidade.
Folhagem que o vento leva pelo Outono,
Ficando apenas memórias que o vento não levará.

Sou uma música que ouves sem parar…
Cuja letra decoraste e nunca a esqueces
Cada palavra, cada som…
Corresponde a uma lembrança minha.

Sou como uma pedra lançada no lago
Por uma criança inocente.
Que afundando sem parar… tocou o fundo!
E ficou esquecida para ninguém mais lembrar…

Toda esta pressão faz-me mais pequeno ainda...
E não há uma alma que me auxilie,
Não há um sorriso aconchegante
Ou até mesmo o teu olhar arrebatador.

Foto: Um grão de areia de uma praia, junto ao mar... de j00jim
Já não existe amor em mim!

Talvez eu não seja aquilo que tu pensas;
Talvez não valha tanto quanto em mim apostaste.
Mas fui guiado pela angústia de te perder
E bem sei que nada justifica as lágrimas que choraste.

E todas as noites que passei em claro
Perguntando às estrelas se estarias bem.
E as flores que esmoreceram com o tempo
À espera de quem nunca chegou a vir!

Já nada tem sentido!
Nada me importa como antes…
As feridas do corpo estão saradas,
Já as da alma continuam, bastantes!

Não existe réstia de amor em mim.
Estou tão vazio de sentimentos
Tão…
Resta-me aproveitar estes últimos momentos.

Só!
Escuto este silêncio tão pacífico
Que me ilude o pensamento
E tudo é tão belo, tão magnífico!

É esta a minha droga, o pensamento!
Mantêm-me alienado e absorto
E tudo parece mais fácil
Se não sentir que já não tenho amor em mim!

Foto: Incerto amor de António Gil
Futuro presente...

Foi através do teu olhar que vi o paraíso,
Foi nos teus lábios que saboreei o néctar dos deuses.
A tua voz levou-me a viajar ao mundo dos sonhos
Mas é o teu sorriso que me faz querer despertar.

Ensinaste-me a voar e eu voei contigo,
Aprendi contigo tudo o que sei,
Ensinaste-me até a amar
E agora te amarei para sempre.

As recordações são boas mas não passam disso,
O que importa realmente é o momento.
Aquele instante a que chamamos presente,
Esse sim está repleto de intensidade emocional.

O presente é tão fugaz, tão repentino…
É um momento demasiado importante
Para não o passar contigo.

Vive comigo o presente para que num futuro presente
Nos possamos lembrar do passado que tivemos juntos.

Foto: O Futuro no Horizonte de Mar de Sonhos
O coração escreve sem alma



Escrever é sonhar com os olhos bem abertos;
É consentir que a alma nos deixe,
Que parta por aí à descoberta
Enquanto o coração cala todos os medos.

É poder dizer com toda a calma do mundo:
Que já mais não dói a alma
Enquanto ela andar por aí a vaguear.
É poder esquecer a realidade por um segundo.

E quando a alma regressar ao meu corpo
Estarei eu mais aliviado.
Pois tudo o que não a deixei levar,
Tudo estará escondido nas palavras escritas.

Falseei o meu choro e a minha dor;
Ocultei a tristeza e a solidão;
Todas as feridas estão bem disfarçadas,
Todas menos as do coração.

Mas essas são de irremediável cura
E a alma com elas aprendeu já a conviver.
Por agora a escrita terminará
Acaba-se o sonho, pois é tempo de viver!

Foto: Vagueando sem alma de Paulo César
A vida não pára


A vida não pára…
“Porque parar é morrer”!
E esta ferida que não sara
Enquanto eu continuar a sofrer…

Porque existem ânsias pra cumprir,
Porque existem palavras para dizer,
Porque ainda existem motivos para sorrir
E porque não existem razões para me esconder!

Desistir?
Já não existe nada para lutar,
O passado é deixá-lo partir
Porque a vida tem de continuar!

E de pena na mão,
Debaixo da luz do luar
Trato de aquecer o coração
Para não mais me magoar.

Com esta pena do sofrimento
E a tinta do meu pequeno coração,
Escrevi nas páginas do tempo
Esta verdadeira paixão...

Foto: A vida não pára... de mariana perry
Este Blogue Aquece-me o Coração
A BÁRBARAAa teve a amabilidade de brindar o Horas mortas... avivadas por um amor (im)possível! com o selo aqui em baixo. Aproveito já para lhe endereçar os meus agradecimentos. :)





1. Publicar a imagem do selo e dizer quem o passou 

2. Responder à pergunta: O que te aquece o coração?

É bastante fácil aquecer o meu "pequenito" coração. Poder contar todos os dias com as pessoas que são minhas amigas é a melhor forma. Quando me iluminam com um sorriso, me guiam com uma palavra ou até mesmo me confortam com um abraço. Depois uma série de outras coisa também como estar junto à lareira num dia de chuva ou de muito frio; ouvir uma música que me embale e me conduza pelo mundo dos sonhos; poder acordar todos os dias só para dizer "Bom dia" ao mundo...

3. Passar o selo a 10 blogues










Nas mãos do tempo


Estou sentado na varanda da minha sala
A olhar a lua nesta noite escura…
O vento, suave, traz o som dos grilos
Uma melodia constante e monótona.
É quase verão!

E eu aqui sozinho…
Já à muito me habituei a esta condição,
Eu e o meu pensamento,
(Pelo menos esse não me atraiçoa)
Perdidos na noite escura!

Sou um utensílio nas mãos do tempo,
Se bem que não tenho qualquer uso…
Limito-me a ficar aqui, sentado,
A ver as memórias serem levadas pelo vento,
Conto estrelas, de noite, para distracção minha.

E estas amarras que me prendem a alma,
Que me sugam as energias, poucas…
Os espinhos que ainda trago cravados no coração
E as marcas que se espalham pelo corpo, tantas…
Sou um corpo que o tempo transformou em cadáver!

E não tenho forças para alterar tudo isto
Não consigo construir um futuro melhor!
Vou continuar a ser uma marioneta nas mãos do tempo
E vou acreditar que um dia será o ultimo,
Pois já nada me faz voltar a viver, de novo…

Foto: Mãos de tempo de Altruista
Um deserto de ideias


O verão aproxima-se a passos largos…
O sol, no céu, permeia-nos com o seu sorriso,
Na montanha é o verde que predomina
O vento, por onde passa, refresca…
Tudo normal para esta altura do ano.

Mas nem tudo está assim tão normal…
Nunca me senti assim:
Desprovido de qualquer ideia,
Nenhuma teoria megalómana me resulta do pensamento
E isto sim, isto sim é estranho.

Não escrevo à dias e dias a fio,
Não recordo já o gosto da caneta nas minhas mãos
Ou, estando num mundo de tecnologias,
Não ouço o som do teclado tocado pelos meus dedos…
Isto sim é anormal.

Está tudo errado!
Tantas vezes abominei a rotina, o monótono…
Que de repente fico assombrado com a sua falta.
Era normal a caneta tocar o papel
E não ficar suspensa na minha mão.

O tempo passa e o papel permanece branco…
E derrotado, cabisbaixo… desisto,
Ponho de parte os utensílios da escrita.
Só me resta esperar por um assalto de inspiração
Para me atrever a escrever umas palavras…

Foto: Simplesmente...Deserto de Claudia F.
Ao som de um sorriso


Tenho hoje o que nunca tive,
Nunca estiveste tanto na minha vida…
E é assim que me sinto bem
Que não me consigo ver de outro jeito!

Este meu contentamento que não vês,
Este sorriso que faço ao ouvir a tua voz…
Já não sobressaía à muito nos meus lábios,
Agradeço-to!

Mas existe algo mais belo ainda que tudo isto
Que é o som do teu sorriso,
Tão transparente, genuíno…
Usando palavras tuas: fantástico!

É tudo tão diferente…
Que apaga as mágoas do passado,
Que faz desaparecer a angústia da minha alma,
Que me faz viver como nunca vivi!

E tudo graças a ti,
Que hoje mais que no passado,
Estás presente na minha vida…
E isso eu não quero mudar!

Foto: O telefone de Ricardo Santos
A cada vez...



A cada vez que o sol brilha no teu olhar,
A minha alma se compadece de amor!
E não posso já sonhar
Pois o meu corpo consome-se em calor…

A cada vez que adormeces, minha donzela,
E eu a teu lado me deito...
A vela se apaga com a brisa que se escapa pela janela
E a tua mão suave toca no meu peito.

A cada vez que eu sonho contigo
E tu foges para qualquer lado!
Vejo na tua ausência o mais sôfrego castigo
Que é privares-me do teu vulto imaculado!

A cada vez que os nossos lábios se tocam
E o sol se esconde por detrás da lua…
Os meus olhos não mais choram
Essa ausência tua.

Foto: Em cama de Luz de Sónia Cristina Carvalho


Com dedicatória especial a Cátia Martins, amiga de longa data, que embora não esteja presente no meu dia-a-dia continua a ocupar um lugar no meu coração. São muitas as recordações que deixam saudade... muitas as vezes em que pacientemente aturou as minhas brincadeiras. Cátia, "faz o favor de ser feliz!" Beijo
Não vivo, existo!

Tanto sonho que tarda em despontar,

E o tempo que foge por entre os dedos,

Tanto suspiro atirado para o ar,

Na ânsia de calar todos os medos.


A verdade é que não há mais tempo…

Não há mais tempo para viver!

O relógio parou sem avisar

E a verdade é que me sinto a desfalecer!


Estou quase sozinho…

Tenho-me a mim mesmo como companhia,

E nem isso me deixa sossegado

Porque a noite está escura e fria…


E este sofrimento que me destrói o corpo

Comprime a alma e me derrete o coração…

Este sofrimento que ninguém se atreve a vencer

Quando o mais simples é estender uma mão!


Uma palavra de amizade ou um simples gesto…

É que a ausência de tudo isto

Só consolida a ideia de que não presto!

E cada vez mais penso que não vivo, existo!


Foto: Give me your hand de Névio Dias

Uma réstia de Esperança!

Quando a alma já não esconde a saudade
E o corpo responde por necessidade…
Quando o olhar já não consegue mentir
E as palavras já não se fazem ouvir…

E esta imensa tristeza que me invade,
Esta melancólica dor que quero apagar!
Mas não consigo, nenhuma força resta em mim…
Estou só e, oficialmente, vencido!

Caí no esquecimento…
Eterno desassossego que não me deixa viver,
Espinhos cravados no coração
Que fazem o corpo sofrer e a alma sucumbir!

A realidade está-me marcada no corpo
Como quem foi chicoteado pelo tempo
E aprendeu, por necessidade, a sobreviver…
Só resta a ilusão, a única porta aberta!

Esta dor de cabeça que teima em não passar,
Não aguento esta dor que é tão forte!
Algo acontece em mim…
Algo de mau teve inicio e eu não consigo parar!

Estou sem respostas por enquanto…
A esperança é pouca, mas não é nula!
E quando a luz brilhar sobre a escuridão
O meu corpo se erguerá e a alma renascerá!

Foto: A luz interior de José Ramos
Reescrever o passado

Como é suave este vento tardio de inverno…

Um pouco gelado, sim!

Confesso que já tinha saudades…

Saudades de escrever sentado na rocha fria

E sentir a brisa gélida conservar o meu corpo.


E olhar a montanha pintada de branco…

E o branco faz lembrar aqueles tempos de criança

Em que bonecos de neve eram concebidos pelas minhas mãos!

As mãos tenras de uma criança em aprendizagem…


Tempos de outrora que resistem à passagem do tempo

E em recordações surgem, de vez em quando!

E este sentimento nostálgico apressa-se a desaparecer

Quando a ponta da caneta toca o papel,

Na ânsia de tentar reescrever a história.


Voltar atrás no tempo…

Modelar a neve tal como um escultor,

Não esquecer cada pormenor!

E no fim, estando o boneco feito, ver o sol

Lentamente levar tão árduo esforço!


E assim foi ano a ano…

Até que desisti!

Deixei a “obra de arte” derreter de vez

E nunca mais me atrevi a dar-lhe vida!

Um dia talvez… voltará a ganhá-la!


Foto: Neve de Nelson Medeiros