1. Publicar a imagem do selo e dizer quem o passou
Tanto sonho que tarda em despontar,
E o tempo que foge por entre os dedos,
Tanto suspiro atirado para o ar,
Na ânsia de calar todos os medos.
A verdade é que não há mais tempo…
Não há mais tempo para viver!
O relógio parou sem avisar
E a verdade é que me sinto a desfalecer!
Estou quase sozinho…
Tenho-me a mim mesmo como companhia,
E nem isso me deixa sossegado
Porque a noite está escura e fria…
E este sofrimento que me destrói o corpo
Comprime a alma e me derrete o coração…
Este sofrimento que ninguém se atreve a vencer
Quando o mais simples é estender uma mão!
Uma palavra de amizade ou um simples gesto…
É que a ausência de tudo isto
Só consolida a ideia de que não presto!
E cada vez mais penso que não vivo, existo!
Foto: Give me your hand de Névio Dias
E o corpo responde por necessidade…
Quando o olhar já não consegue mentir
E as palavras já não se fazem ouvir…
E esta imensa tristeza que me invade,
Esta melancólica dor que quero apagar!
Mas não consigo, nenhuma força resta em mim…
Estou só e, oficialmente, vencido!
Caí no esquecimento…
Eterno desassossego que não me deixa viver,
Espinhos cravados no coração
Que fazem o corpo sofrer e a alma sucumbir!
A realidade está-me marcada no corpo
Como quem foi chicoteado pelo tempo
E aprendeu, por necessidade, a sobreviver…
Só resta a ilusão, a única porta aberta!
Esta dor de cabeça que teima em não passar,
Não aguento esta dor que é tão forte!
Algo acontece em mim…
Algo de mau teve inicio e eu não consigo parar!
Estou sem respostas por enquanto…
A esperança é pouca, mas não é nula!
E quando a luz brilhar sobre a escuridão
O meu corpo se erguerá e a alma renascerá!
Foto: A luz interior de José Ramos
Como é suave este vento tardio de inverno…
Um pouco gelado, sim!
Confesso que já tinha saudades…
Saudades de escrever sentado na rocha fria
E sentir a brisa gélida conservar o meu corpo.
E olhar a montanha pintada de branco…
E o branco faz lembrar aqueles tempos de criança
Em que bonecos de neve eram concebidos pelas minhas mãos!
As mãos tenras de uma criança em aprendizagem…
Tempos de outrora que resistem à passagem do tempo
E em recordações surgem, de vez em quando!
E este sentimento nostálgico apressa-se a desaparecer
Quando a ponta da caneta toca o papel,
Na ânsia de tentar reescrever a história.
Voltar atrás no tempo…
Modelar a neve tal como um escultor,
Não esquecer cada pormenor!
E no fim, estando o boneco feito, ver o sol
Lentamente levar tão árduo esforço!
E assim foi ano a ano…
Até que desisti!
Deixei a “obra de arte” derreter de vez
E nunca mais me atrevi a dar-lhe vida!
Um dia talvez… voltará a ganhá-la!
Foto: Neve de Nelson Medeiros