Não fomos nem seremos...



Vou ficar contigo esta noite
Proteger-te de todos os teus medos…

Mas no fundo aquilo que eu fui para ti
Não passou nem passará de um sonho,
O nosso passado ficou para trás,
As peças do puzzle perderam-se…
E nunca mais seremos… nem estaremos….

Agora vou limitar-me a que o coração bata por bater
Quando não existem mais motivos que o motivem,
Quando já não existe nada onde tudo havia…
Porque já não consigo ver através do escuro.

Mesmo assim fico contigo mais esta noite
E continuarei a dar-te a segurança que sempre dei…

Tu e eu fomos um sonho que não foi sonhado,
Fomos uma fotografia que não foi tirada,
Um texto que não foi escrito…

Vou continuar na busca do meu trilho
E quando sentir que sou ninguém
Vou gritar para o ar o meu nome
Pode ser que alguém me ouça…

Foto: |De costas voltadas| de Bruno Queirós
A sós com a solidão


Deixem-me agora, por favor…
Tenho um encontro marcado com a solidão
E já há muito que não a vejo,
Existem saudades para matar.

Agora deixem-me aqui no meu canto
Onde esperarei pela solidão,
Neste canto que já fora, em outros tempos,
Um local de encontros mais regulares.

É verdade…
Já não via a solidão há uns tempos
Mas parece que a hora do reencontro chegou
E não a quero fazer esperar,
Deixem-me agora…

Deixem-me com as recordações dos bons tempos,
Com as lembranças grandiosas do passado,
Deixem-me com o resto de mim
Que se esforça para se manter vivo…

A solidão está a chegar,
Já ouço os seus passos silenciosos ao longe,
Agora é entre mim e ela,
Deixem-nos a sós, por favor!

Foto: Solidão de Fabiana Pazzini
Lembranças de um tempo que não passou...

Não há muito tempo éramos amigos,
Passaram anos mas o tempo quase não passou…
O que devia ter sido até ao fim
Acabou por ter um fim prematuro.

Tenho na alma guardados todos os sentimentos,
Como se tudo estivesse bem...
Mas não está,
Tudo desapareceu, tudo se apagou…

Engraçado como ouço o tique-taque do relógio...
Todos estes segundos que eu perdi a enganar a saudade,
Todo o tempo que desperdicei com o pensamento,
Quando pensar acabou por destruir parte de mim.

Tinha tudo na palma da minha mão,
Simplesmente vivia.
Hoje restam as lembranças que não quero apagar
E as feridas que custam a sarar…

Ouve a minha alma,
É o meu último pedido.
Escuta a solidão, o sofrimento e a saudade,
Nada disso importa agora...
Pois estive demasiado ocupado a desperdiçar tempo,
Enquanto tu estavas sozinha e também a sofrer,
Mesmo assim imploro-te,
É o meu último pedido.

Atende às minhas preces,
É o meu último pedido…
Sê feliz.

Foto: O tempo parou de Márcia Brandão
Não há muito mais tempo


O dia que eu tanto temia chegou…
Chegou o dia em que não sei o que escrever!
O mundo desabou perante mim
E eu limitei-me a aceitar tal facto…

Não sei como viver…
Não sei como passar estes dias que ainda me restam!
Tanta coisa que deixei por fazer
Por pensar que tempo não iria faltar…

E agora o fim está próximo…
E são tantas as pessoas que quero ver,
Tantas as músicas que quero ouvir
E tantos os livros que quero reler…

E já não há tempo para tanto…
Falar já não consigo,
Pois a cada palavra que me sai pela boca
Mais lágrimas se escapam dos meus olhos.

Limitei-me a ficar sozinho…
Evitei que outras pessoas sofressem comigo
E que chorassem as minhas lágrimas…
Pois já nada mais lhes podia exigir!


Foto: Time is running out de  -ANA-
Alma perdida entre a razão e o coração


A razão aconselha-me a desistir
Mas o meu coração continua a acreditar!
Há palavras que são impossíveis de apagar
E imagens que a memória jamais deixará partir.

No meu rosto já não habita um sorriso,
Nos meus olhos está espelhada a desilusão.
Acabo por me resignar,
Aceito que a felicidade me escape por entre os dedos.

São muitos os golpes na alma,
Enumeras as cicatrizes no coração…
E a força para lutar já não é a mesma,
A confiança está como a esperança, abatida…

Talvez um dia a vida me corra de feição,
Talvez um dia acorde e tudo esteja bem…
Até lá o sonho se alimentará,
Até lá viverei, mesmo sem saber o que isso é.

Foto: ...Alma Perdida... de helder magalhaes
Cumprir o dever...


A noite cessou e a luz mais uma vez rompeu,
Uma rotina que já testemunhei diversas vezes!
Tenho por costume olhar as estrelas,
Vê-las nascer e morrer no céu!

Noites que atiro para o caixote do lixo,
Ora porque os olhos não querem cerrar
Ora porque a cabeça não pára de cismar!
E tenho dores já…

Dores de cabeça!
Tenho virado e revirado as lembranças da infância,
Tenho previsto o futuro tão minuciosamente
Que o medo de falhar é enorme!

Não sei se estou preparado para correr riscos,
Não sei se conseguirei viver com o meu falhanço!
Não suporto a ideia de desiludir quem quer que seja
Quanto mais desiludir-me a mim próprio…

Mas quero também poder olhar para trás
E poder dizer que venci,
Poder dizer que cumpri o meu dever,
Que vivi…

Foto: Olhar para trás de Gonçalo Telo
Há coisas que nunca mudam...

Há coisas que nunca mudam.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,”
Mudam a fé e a esperança,
As pessoas que trago na lembrança,
Mudam-se as crenças e as verdades…

Mas há coisas que nunca mudam.

Pode a lua minguar sem ninguém notar,
Ou crescer até ficar gigante.
Fica cheia lá no alto, cativante…
Ou renasce mais uma vez, sem parar…

Neste meu mundo nada tende a mudar,
Nem este meu medo de sofrer
Nem toda esta repressão de viver,
Vale que a dor esvanece-se no acto de chorar…

É mesmo verdade, nada muda.

Já de nada adianta sonhar,
Não adianta sequer querer pintar o futuro,
Está tudo escrito, predestinado!
Esforço inglório lutar contra o destino…

E este é o ponto final,
Este é o fim do caminho…
É aceitar o que o destino me dará
É baixar os braços e submeter-me à sina.

Há coisas que não mudam mesmo
Nem hoje, nem amanha…
Nunca!

Foto: Agora a P&B de Manuel Madeira
Aceito o fim

Existe maior dor do que privar o coração do amor?
Se existe não sei
Porque foi esta a maior dor que senti ate hoje.
Senti e sinto, dor ardente da solidão.

Ainda hoje choro essa dor,
Ainda hoje me custa abrir os olhos e não te ver,
Dói não sentir o teu toque suave
E mais que isto, não ter esse teu sorriso divinal.

E estou cada vez mais perto de desistir
De baixar os braços e submeter-me ao destino.
Estou cansado de lutar contra aquilo que sou,
Iludido por aquilo que não voltarei a ter.

Pode ser que alguém veja em mim algum valor,
Que me faça voltar a amar.
Tenho tanto em mim prontinho a despertar
Mas já não há forças para o fazer despontar.

Mas eu aceito o fim, não me mete medo…
Aceito que nada volte a ser o que era,
Porque sei que estás bem e só isso interessa
Sei que por onde andares haverá sempre um sorriso.

Foto: O fim de tudo... de Nuno Brito Fonseca
Fim, o meu fim...

Não me resta nada,
Apenas uma dor imensa no peito,
Não há sequer força para lutar,
Nem um ponto de apoio para recomeçar.

A felicidade, aos meus olhos, não existe,
Pensei ter sido feliz mas hoje duvido…
Quando num dia era bestial e passei a ser besta,
Quando afinal de contas nada foi realmente bom.

Quando já não se sabe o que fazer ou dizer,
Quando o nevoeiro se vai desvanecendo
E ainda custa ver o que se passa à nossa frente,
Custa ver o sol que se põe no horizonte…

Custa aceitar o destino duro e frio como ele é,
Dói sentir a alma ser trespassada pelo gume da escuridão.
E ainda mais que isto tudo
Dói ter sido eu a dar a ignição.

Toda uma série de eventos que me destroem.
Sou um suicida da minha alma
Que aos poucos lhe vai pondo termo
Até que um dia já não haverá mais nada para destruir.

Um dia já não voltarei a acordar,
Já não lutarei por causas perdidas,
Já não terei de viver comigo mesmo…
Aí acredito que serei feliz.

Longe de mim, longe do mundo…
Longe desta minha rosa com espinhos (destino),
Longe daqueles a quem fiz sofrer
Longe da vida que fui obrigado a viver.

Foto: Resting Soul de João Loureiro
Perdoar o pensamento...

Dificilmente me conseguirei perdoar,
Depois de destruir parte de mim…

Assim como quem, através de um sopro,
Destrói o seu próprio castelo de cartas.
Num acto inconsciente e impensado
Coloca uma bala na cabeça ou um punhal no coração.

É como se me tivessem arrancado dos braços
A coisa mais preciosa que eu tinha…
E eu tivesse consentido tal acto.
Não me consigo perdoar, nunca conseguirei.

Não me perdoarei pelo sofrimento provocado,
Pelo coração destroçado,
Pelas lágrimas causadas…

Viverei com esta cicatriz na minha alma
De te ter trazido para o mundo da dor
Castigar-me-ei pelo ter feito
E nada me tira esta angústia que carrego no peito.

E este pensamento que me atraiçoa
Que me ilude e me leva por caminhos errados
Este pensamento que devia ser unicamente sentimento
Aquele sentimento que tenho por ti, Amor.

Foto: Dor de Pensar de Isabel S.
Quando esta noite terminar

Vou caminhar através da luz
Na tentativa de curar o teu coração ferido,
Dar razões ao nascimento do sorriso,
Ao rejuvenescimento do coração apaixonado.


Esta noite primaveril
Vamos, juntos, abrir todas as portas,
Vamos enfrentar mil e um medos…


E todas as dúvidas vão acabar por desaparecer,
Porque quando esta noite terminar
Irás voltar a falar
E é tua a única voz que ouço
Porque tu és a única.


Não haverá mais lamentações
Porque quando esta noite terminar
Irás voltar a sorrir
E será esse o único sorriso que apreciarei
Porque tu és a única.


Chorar só em caso de alegria extrema
Porque quando esta noite terminar
Irás voltar a amar
E só a ti eu amo, minha deusa
Porque tu és a única.


Peço-te que feches os olhos
E te mantenhas junto a mim…
Pronta para conhecer o que me vai no coração da alma…


Todos estes laços que nos unem
Reforçar-se-ão ainda mais,
Chegou o tempo de construirmos o nosso próprio destino.


Impor a ordem natural,
Porque quando a noite terminar
Seremos tu e eu, sozinhos
E será teu todo o meu amor
Porque tu és a única.

Foto: Procurando a luz! de Lenita Nabais
Sonhar que ainda sei viver

Detesto as noites… odeio-as!
É uma cruz que carrego até que se fechem os olhos,
Os pensamentos são diversos
E as lágrimas que o coração deixa escapar são imensas.

São lágrimas que queimam,
Que dolorosamente esburacam a alma
E alimentam o desespero do pensamento…
A esperança persiste ainda que esmorecida.

As horas arrastam-se e o cansaço aumenta,
O pensamento, desalentado, suspende-se…
Os olhos vencem as lágrimas e cerram-se,
A cabeça descansa sobre a almofada encharcada…

Noite após noite,
Um ritual que tende a perdurar,
Que só um raio de nova esperança lhe colocará termo,
Dará à alma um novo alento para sonhar.

Sonhar com a beleza da alegria sentida no coração,
Sonhar com o som do teu sorriso,
Uma melodia que recordo com saudade…
Sonhar que ainda sei o que é viver.

Foto: I will sleep with your soul de www.paulocesar.eu - paulo cesar
Páginas prometidas

Esses tempos inspiradores cessaram
E o poeta viu-se obrigado a descansar.
Pousou a sua pena e fechou o caderno,
Regressou à realidade e a sua alma relaxou.

Não mais pensou em sofrimento ou dor,
Paixão ou amor.
Não mais olhou adiante,
Nada mais quis com o impossível…

Partiu do mundo dos sonhos
Sem qualquer destino definido.
Apenas um bilhete na mão para destino nenhum
E partiu à procura de nada.

Completamente envolto na ausência de si,
Perdido nas intermitências da sua vida,
Um amontoado de recordações e memórias fugazes
Que o tempo a todo o esforço quer pôr termo.

Uma completa indefinição daquilo que o caracteriza,
Um vulto vagueando por entre as pessoas,
Consciente de que enquanto o coração bater
Existirá uma ânsia incontrolável de prevalecer.

Um querer mais forte que querer…
Um desejo de conquistar o supremo,
Um olhar vitorioso depois de uma luta sem igual,
Um sentimento de valor… valor pessoal.

Esse poeta contínua à procura de si…
Não em si, mas sim por esse mundo fora
E quando ambos se encontrarem
Nova tinta irá despontar nessas páginas prometidas.

Foto: As páginas da minha vida... de Miguel
Dia e noite... sempre

O teu peito bem colado ao meu
Uma corrente, um segredo… que nos prende
Uma forma imprudente de conquistar
Esse teu abraço que é tão carinhoso.

Perco-me, transformo-me… se não te vejo
Procuro-te nos detalhes em vão…
O tempo já não passa, só anda pra trás
E perco-me nesta estrada sem fim.

Passa o dia, passa a noite e eu apaixonado
No peito o coração sofre sem te ter a meu lado
Desta vez é tudo real, o sonho acabou
Quero que saibas que te amo noite e dia!

Um pedaço de alma comum aos dois
Um pensamento, um arrepio… que nos prende
Uma forma imprudente de conquistar
Esse teu beijo que é tão apetitoso.

Encontro-me, defino-me… quando te vejo,
Só preciso admirar a tua beleza agora,
O tempo não anda, pára!
Tão bom estar assim contigo no conforto do lar.

Passa o dia, passa a noite e eu apaixonado
No peito o coração sofre sem te ter a meu lado
Desta vez é tudo real, o sonho acabou
Quero que saibas que te amo noite e dia!

Foto: A hot kiss de Rui Monteiro
Pensamentos divagantes... dor intelectual

Sinto que não te faço feliz
Que não sei tornar real o que sonho,
Que não te sei valorizar quanto mereces,
Que não dou tudo o que posso.

Sinto-me perdido em mim
Talvez na busca dessa perfeição que mereces
E que eu tento encontrar
Tudo pra ser o melhor pra ti.

Talvez sejam pensamentos divagantes,
Um “vírus” que tenho na minha cabeça
E me faz duvidar do que sou para ti…
Sé escrevendo consigo atenuar o seu efeito.

Consigo acalmar toda esta dor intelectual
Esta duvida de mim mesmo…
E consigo ter discernimento para continuar
Continuar a ser o que sou.

Sem intenções de ser perfeito
Sem intenções de mudar o que quer que seja
Porque vejo na minha essência
A minha maior qualidade.

Quero preservar isso e dar a conhecer-me assim,
Porque é isso que te cativa meu bem
E não essa perfeição que eu julgava existir…
Feliz é como eu quero que te sintas, comigo!

Foto: Thinking in life... de Paulo Demetrio
Sonho que estou a sonhar


Às vezes sonho que estou a sonhar
E isso conduz-me sempre a algum lugar.
Por entre o imaginário e o real
Eu vejo tudo muito bem,
Assim desta forma naturalmente…
Natural.

O destino tudo faz para me esquecer
Mas estou muito para além do tempo.
Estou à espera de um pequeno pedaço de vento
Que venha e que me carregue.
E quero ir assim, bem leve…
Para essa “realidade” que me conforta
Onde nada tenho que fazer,
Onde nada tenho que procurar.

Às vezes sonho que estou a sonhar
Não estou alegre nem triste,
Sei apenas que estou lá contigo,
Nada existe para além disso.
Não fui criado para viver apenas em mim,
O meu destino não é viver entre vocês…
O meu destino é sonhar,
E sonhando eu consigo fugir contigo.

Já sonhei sonhos que nunca vivi,
Mas aqueles que se realizaram…
Apenas contigo os vivi intensamente.


Foto: Dreaming #3 de Renato Brandão